Deixa-me passar

Há quem defenda que hoje o maior problema da cidade de São Paulo seja a dificuldade de locomoção por carro. Entretanto, a experiência me permite lembrar que até o final da década 1990, a cidade costumava parar ao primeiro sinal de chuva pelos diversos alagamentos, também responsáveis pelos congestionamentos.

As criticas as medidas alternativas que se tem tomado para melhorar a situação faz lembrar que, não importa o tempo histórico, a individualidade do carro sempre estará à frente de soluções coletivas como corredores de ônibus, ciclovias e carros.

Para se entender estas disputas por espaço, precisamos observar como outras grandes cidades têm resolvido o problema pelo mundo. A construção da primeira ciclovia surgiu em 1862, em uma iniciativa da prefeitura de Paris, na França. Quase um século depois, em meados de 1930, a medida passa a se popularizar na Alemanha.

Já em 2015, a prefeitura de Paris anunciou que serão investidos mais de 150 milhões de euros (cerca de R$ 490 milhões em reais) para triplicar até 2020 a extensão das ciclovias. O projeto inclui ainda a generalização do limite de velocidade dos automóveis a 30 km/h, a fim de desestimular ainda mais o uso dos automóveis e diminuir os picos de poluição da cidade.

As medidas tomadas para diminuir o tráfego de automóveis têm sido desde então um exemplo para a inevitável superlotação de carros. Em Londres, há uma taxa de 8 libras por veículo que entra, sai ou se desloca na zona delimitada entre às 7 da manhã e às 6 da tarde, e a infração da lei implica multa de 50 libras. Em São Paulo muito se tem feito para melhorar a mobilidade urbana, porém, os urbanistas mais otimistas acreditam que as ciclo faixas e corredores de ônibus não serão suficientes para melhorar a cidade, e a única solução possível seria o fechamento da região do centro para o trânsito de carros e todo mundo andar a pé. Ou seja, em breve poderemos ter saudades do tempo em que achávamos que corredores e ciclovias eram medidas amargas.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor