Contra o golpe: analisemos as pautas das ruas
Qualquer analista, com um mínimo de isenção, terá que reconhecer que os atos em defesa do golpe (13) e contra o golpe (18) foram manifestações expressivas. O que as diferencia é o perfil dos manifestantes e a pauta de reivindicações.
Publicado 21/03/2016 16:48
Os atos do dia 18, em defesa da democracia, foram realizados pelo movimento popular com uma expressiva participação popular de orientação progressista; os atos do dia 13, em defesa do golpe, foram realizados, majoritariamente, por eleitores do Aécio, ideologicamente de direita, ricos e claramente movidos pelo ódio.
E a pauta é, naturalmente antagônica, diametralmente oposta.
Enquanto o movimento popular se levanta em defesa da democracia e contra o golpe, a direita se mobiliza pelo golpe, movida pelo ódio de classes e a intolerância.
O movimento popular reivindica a redução da taxa de juros, retomada do aquecimento econômico e a manutenção de programas de valorização do salário mínimo, expansão de universidades, construção de casas populares, bolsa família, luz pra todos, obras estruturantes como a transposição do São Francisco, ampla liberdade democrática, dentre outras pautas progressistas.
A direita se mobiliza pelo golpe e por uma pauta extremamente reacionária, incluindo a absoluta intolerância às regras democráticas e o desrespeito ao estado de direito. Quando assistem o juiz Moro rasgar a constituição dão de ombros, afinal, na lógica macabra deles, tal arrogância serve aos seus propósitos. Desconhecem que quando o arbítrio se impõe, todos, absolutamente todos, acabam sendo vítimas. O que no começo era mascarado, agora está escancarado: eles querem a volta das privatizações, o fim de programas sociais (bolsa família, bolsa universitária, luz pra todos, casas populares, etc.), a entrega da Petrobras ao capital estrangeiro e a redução do MERCOSUL a simples área de livre comércio.
Mas a pauta principal não é o combate à corrupção?
Se eventualmente um leitor mais atento fizer esse questionamento eu lhe convido a refletir se é possível levar à sério alguém que fala em combate à corrupção abraçado com Eduardo Cunha, Aécio Neves, Agripino Maia, dentre outros denunciados na operação lava-jato? Não é sério, me desculpem!
É prudente, ainda, fazer um segundo questionamento: como alguém, com um mínimo de informação, não percebe que tudo se resume a uma mera disputa política? Que a direita lhe usa (se você não é de direita) para impedir que os avanços obtidos pelo povo continuem?
E, não menos importante, você já se perguntou quem assume o governo na hipótese de impedimento da presidenta? Temer (PMDB). Se for cassada pelo TSE assume o Eduardo Cunha (PMDB)! E só depois terá nova eleição, cujo desfecho é incerto e certamente não pacificará o país, pois ninguém dará um golpe contra uma presidenta que tem apoio do movimento social impunemente. Esse não é o caminho!
Qualquer golpe convulsionará o país. O respeito à institucionalidade democrática é o único caminho capaz de retomar o crescimento econômico, ampliar as conquistas sociais e econômicas e, ao mesmo tempo, pacificar o país.