Parlamentares criticam militares na pasta da Saúde em plena pandemia
O general Eduardo Pazuello, ministro interino, já nomeou 21 militares para cargos estratégicos no Ministério da Saúde
Publicado 29/05/2020 17:23

O Brasil ultrapassou a marca dos 25 mil mortos por covid-19 e até o momento o governo Bolsonaro não nomeou um titular para a pasta no lugar de Nelson Teich, que pediu demissão após discordar de Bolsonaro na recomendação do uso cloroquina aos pacientes infectados pelo coronavírus.
Enquanto isso, o ministro interino general Eduardo Pazuello, que era o número 02 da pasta na gestão de Teich, nomeou nos últimos dias para sua equipe pelo menos 12 militares. Nenhum é formado em medicina.
Questionado sobre o assunto, o Ministério da Saúde não explicou por que não há nenhum oficial médico dentre os convocados. Desde a chegada de Pazuello na pasta 21 militares foram nomeados.
A deputada Alice Portugal (PCdoB-B) considerou uma irresponsabilidade do governo Bolsonaro que demonstra não ter compromisso com o combate à pandemia.
“É um absurdo essa militarização do Ministério da Saúde, uma vez que temos sanitaristas, cientistas, docentes e administradores da maior competência que podiam ter sido convidados para compor a equipe do ministério. Governo irresponsável, que não se preocupa em salvar a vida das pessoas”, criticou a deputada.
A deputada Erika Kokay (PT-DF) diz que o Ministério da Saúde virou um cabide para militares.
“Vivemos a mais grave crise de saúde em 100 anos e o Ministério da Saúde virou cabide de militares e indicados do centrão que nada entendem de saúde e do SUS. Pior, até advogado de miliciano foi parar na pasta como assessor do ministro. O mistério agora é descobrir quem o indicou”, afirmou.
O deputado João Campos (PSB-PE) ironizou a quantidade de militares na pasta. “Esse não era um governo técnico?”, lembrou.
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) afirmou que o ministério precisa de cientistas e profissionais da saúde e, de militares, nos quartéis. “A Ciência não obedece à hierarquia e à disciplina, mas, sim, à razão crítica e ao fazer metodológico”, disse.