Desenvolvimento regional: obra de engenharia política e técnica
A questão regional numa desejada plataforma de unidade ampla, parte de um futuro pacto político e social, implica engenharia política complexa
Publicado 25/11/2021 09:13

Em paralelo à movimentação das peças no xadrez preparatório das eleições gerais de 2022, cabe avançar na formulação do que possa vir a ser uma plataforma de unidade de amplo arco de forças capaz de vencer o pleito presidencial.
Não é empreitada simples, tal a variedade de fatores que compõem a crise em que o país se vê mergulhado, principalmente de natureza estrutural.
E o que se pode pretender é muito, mas em horizonte limitado.
Como assim?
Limitado pela correlação de forças e pela tarefa prévia de reconstruir o que tem sido destruído, desde Temer e, sobretudo, por Bolsonaro.
A redução das desigualdades regionais, por exemplo, via maior dinamismo no desenvolvimento de políticas públicas que vinham dando bons resultados.
No ciclo dos dois governos Lula e do primeiro governo Dilma o Nordeste, por exemplo, conheceu progressos significativos. Chegou a crescer a taxas mais elevadas do que o conjunto do país.
Se acelerou, inclusive, o dinamismo em muitos polos de desenvolvimento intrarregionais, em áreas interioranas dos estados. A região problema passava a ser solução.
A rigor, nem se tratava ainda de políticas estruturantes, que fossem a fundo no trato das raízes das desigualdades. Porém suficientes para um alívio considerável de mazelas historicamente persistentes.
A valorização do salário mínimo (e o consequente aumento real da renda do trabalho), o controle inflacionário e o acesso ao crédito deram bons resultados, associados a um conjunto de programas de cobertura real significativa, como Luz para Todos, Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida e outros.
A implantação da refinaria de petróleo no Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco – decisão política do governo -, por exemplo, impulsionou a retomada da indústria, inclusive em setores tecnológicamente avançados, com irradiação para as regiões circunvizinhas. A tradicional e então alquebrada indústria têxtil, por exemplo, foi relançada via planta industrial moderna.
Concomitantemente, se investiu em educação, ciência e tecnologia e inovação. No período,se o Brasil dobrou o número de alunos de curso superior, o Nordeste quase triplicou.
Uma trajetória duramente afetada pela gestão econômica malfadada do segundo governo Dilma, logo interrompido pelo golpe que alçou Temer à presidência.
Campo livre para o avanço do rentismo em toda escala, que capturou as chamadas elites empresariais da região, agora mergulhadas na usura. Na dificuldade, valeu a tradição reacionária em vários setores, que no pleito presidencial passado aderiram à aventura bolsonarista.
E agora, José?
A questão central é política – e se desdobra no conteúdo técnico, digamos, das propostas.
A questão regional numa desejada plataforma de unidade ampla, parte de um futuro pacto político e social, implica engenharia política complexa, em que há que se contemplar prioritariamente as necessidades do mundo do trabalho, sem negar estímulos ao capital empreendedor.
Tudo sob o guarda-chuva de um projeto nacional.
Barra pesada, Mas, se fosse fácil, não seria tarefa nossa e das correntes progressistas.