Quem defende o quê? 

Enquanto a extrema direita ocupa em cegar Bolsonaro, cabe à esquerda focar na proteção do país e na disputa política real com o poder econômico.

Foto: Reprodução/TV Justiça

Parece quase unânime a percepção de que Jair Messias Bolsonaro atrapalha a sua própria defesa perante o STF quando se pronuncia de público — atabalhoado, falso, agressivo e até desrespeitoso para com o vernáculo. 

Que fale mais e continue afundando. Contraditoriamente, assim ajuda a democracia e o país. 

Segurar ou não o boquirroto não é preocupação nossa, é da extrema direita.

Do lado de cá da peleja, mais do que comemorar o andamento do processo no STF cabe encarar a ampla, complexa e desafiante agenda da reconstrução nacional. 

Quanto a isso, estamos diante de adversários poderosos e permanecemos enredados numa multiplicidade de tarefas nem sempre bem ordenadas e suas prioridades estabelecidas. 

Ir às ruas para pedir a condenação de Bolsonaro agora, sinceramente, parece desperdício de argumentos e energias. 
O julgamento segue em destaque no noticiário e é objeto da ingente guerra digital via redes sociais. 

É preciso encarar a absoluta e urgente necessidade de esclarecer as maiorias sobre os propostas do governo Lula e os empecilhos que têm encontrado.

Discutir o peso e as consequências do domínio do capital financeiro, de mãos dadas com o agronegócio exportador e pujante no complexo midiático dominante. 

Relacionar as agruras cotidianas com os caminhos e descaminhos da nação, articulando didaticamente o particular e o geral e assim elevando o nível de compreensão não apenas de militantes e ativistas da luta popular, mas igualmente de parcelas crescentes da população.

Por que seguimos praticando taxas de juros das mais elevadas do mundo? Quem se beneficia com isso e quem se prejudica? 
Quais as múltiplas causas do aumento dos preços dos alimentos e o alcance das medidas adotadas pelo governo?

A agenda é vasta e diversificada. O debate há de ser permanente, tanto quanto a experimentação de formas de luta e de organização que pareçam adequadas às atuais circunstâncias. 

Outro Brasil é possível? Sim, em duas dimensões: novos rumos embasados no enfrentamento de problemas estruturais que afligem a vida da maioria; e, numa percepção mais larga, a possibilidade de superação do capitalismo pelo socialismo. 

Parece um discurso genérico, mas não é. São pinceladas que ajudam a nos mobilizarmos com os pés no chão e visão larga — nas redes, nos salões, nos mais diversos ambientes da vida cotidiana e nas ruas. 

Como diria um velho líder popular pernambucano: “é por aí”.

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