MP pede cassação de Nikolas por fake news contra Fuad na eleição de BH
Deputado é acusado de difamar Fuad Noman com trechos distorcidos de livro e de ignorar ordem judicial; MP também denuncia aliados bolsonaristas da campanha de 2024
Publicado 09/07/2025 13:30 | Editado 09/07/2025 14:13

O Ministério Público Eleitoral de Minas Gerais pediu a suspensão dos direitos políticos do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) por envolvimento em uma campanha de desinformação contra o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), durante o segundo turno das eleições de 2024.
Também foram denunciados os deputados Bruno Engler, Delegada Sheila e Coronel Cláudia, todos do PL.
A denúncia aponta que o grupo promoveu uma campanha coordenada para difamar Fuad, então candidato à reeleição, utilizando trechos descontextualizados do livro Cobiça, escrito por ele em 2020. Na obra, há uma cena de estupro infantil dentro de uma narrativa ficcional, mas os denunciados trataram o trecho como se fosse apologia à pedofilia.
Nikolas publicou um vídeo nas redes sociais chamando o livro de “pornográfico” e afirmando que “o problema é quando a ficção vira realidade”.
O conteúdo foi mantido no ar mesmo após decisão judicial que determinava sua retirada. Para o MP, a insistência na divulgação comprova “dolo intenso e persistência na prática delitiva”.
Acusados na denúncia do MPE-MG:
- Nikolas Ferreira de Oliveira, deputado federal (PL-MG)
- Bruno Rodrigo Engler Vieira, deputado estadual (PL-MG) e ex-candidato a prefeito de Belo Horizonte
- Sheila Aparecida Pedrosa de Mello Oliveira, deputada estadual (PL-MG), conhecida como Delegada Sheila
- Cláudia Araújo Romualdo,militar da reserva da PMMG, presidente do PL Mulher BH e ex-candidata a vice-prefeita na chapa de Engler, conhecida como Coronel Cláudia
A campanha de difamação também incluiu falsas acusações envolvendo o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), promovido pela prefeitura, que teria exposto crianças a material impróprio.
Em debate transmitido pela TV Globo, Bruno Engler atacou Fuad publicamente. O então prefeito reagiu. “Esse é o rei das fake news. Ele não leu o livro, se tivesse lido não falaria essa bobagem”, afirmou.
A Justiça Eleitoral reconheceu as irregularidades, ordenou a remoção do vídeo e concedeu direito de resposta à candidatura de Fuad.
As inserções foram veiculadas no tempo destinado a Engler, como compensação pelos ataques caluniosos.Além da cassação dos direitos políticos, o Ministério Público pede que os denunciados sejam condenados a pagar uma indenização por danos morais.
O valor, conforme solicitação da família de Fuad Noman, deverá ser destinado a instituições de caridade.
Fuad venceu o segundo turno contra Bruno Engler e foi reeleito prefeito de Belo Horizonte. Ele faleceu em março de 2025, aos 77 anos, após complicações decorrentes de um linfoma não Hodgkin.
A denúncia do MP sustenta que houve manipulação intencional da verdade com fins eleitorais e afirma que os envolvidos sabiam que estavam promovendo uma campanha caluniosa.
As deputadas Coronel Cláudia e Delegada Sheila também compartilharam os conteúdos difamatórios durante a campanha, inclusive em inserções televisivas.
O candidato a vereador Victor Lucchesi, também do PL, firmou um acordo com o MP e não foi formalmente denunciado. Até o momento, apenas Nikolas Ferreira se manifestou, alegando perseguição política.