25 anos sem Prestes

Há 25 anos atrás, no mês de março de 1990, Luiz Carlos Prestes nos deixou. Por ter sido um homem tão forte em seu tempo, seus pensamentos e suas ações ainda reverberam entre nós. Ele viveu plenamente todas as fases de um conturbado século 20 no Brasil e no mundo, desde o movimento tenentista dos anos 20 à redemocratização dos anos 80, passando por golpes, prisões, divergências, conjunções internacionais, ditaduras, tentativas de revolução.

Buscou incansavelmente a perspectiva mais justa, mais digna e mais promissora de emancipação de seus contemporâneos e das gerações vindouras. Se entregou de corpo e alma à sua consciência revolucionária e não se opôs, nem física e nem psicologicamente, a sofrer as consequências de suas opções. Ao pensar na sua ausência ao longo destas duas décadas e meia, e na impossibilidade prática de defini-la e delimitá-la, escrevi os seguintes versos para homenageá-lo e reavivar a memória sobre seu nome e seu legado transcedental:

"Somos parte do que já não es
Presença, física, matéria

Somos feitos do que já não sonhas
Desejos, anseios, esperanças

Somos enredos que já não contas
Discursos, histórias, cordéis

Somos luzes que já não vislumbras
Fogueiras, fogos, estrelas

Somos caminhos que já não trilhas
Guerrilhas, picadas, estradas

Somos canções que já não assovias
Bethoven, Bach, Villa Lobos

Somos imagens que já não vês
Pampas, praças vermelhas, corcovado

Somos crianças que já não embalas
Helenas, Ritas e Pedros

Somos linhas que já não rabiscas
Memórias, registros, leituras

Somos amores que já não amas
Leocádias, Olgas e Marias

Somos brilhos que já não fulguras
Colunas, marchas e revoluções

Somos gritos que já não bradas
Alto! Avante! Sem parar!

Somos do vermelho que já não carregas
Sangue, comunismo, coração

Somos de tudo que já não es
E mesmo assim estás em tudo!
Há 25 anos sem ti…"

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