A emergência do pensamento anti-imperialista na América Latina

A Nicarágua Sandinista, governada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional, é um dos polos importantes da luta política e ideológica na América Central, na busca de formulações políticas que contribuam para a formação de um pensamento revolucionário focado no anti-imperialismo e na luta pelo socialismo.

Isto faz parte da preocupação hoje presente em todos os países latino-americanos e caribenhos, sobretudo os bolivarianos, mas não só. Recorde-se que depois que saiu da Presidência da República no Brasil, o ex-presidente Lula organizou um importante seminário no instituto que dirige e defendeu a necessidade de formar um pensamento contemporâneo sobre temas latino-americanos, destacadamente a integração regional.

O Foro de São Paulo dedicou uma das sessões do seu último encontro realizado no Brasil no ano passado à reflexão sobre o pensamento de Hugo Chávez como orientador da luta anti-imperialista e pelo socialismo na região.

Conta-nos a prestigiosa agência noticiosa cubana Prensa Latina – que completa nesta semana 55 anos prestando inestimável serviços informativos e opinativos – que intelectuais de todo o continente americano participam desde a última terça-feira (17) no colóquio internacional “O Anti-imperialismo Latino-americano, Discursos e Práticas”, em Manágua, capital da Nicarágua. O objetivo é discutir sobre as novas iniciativas de autonomia latino-americana que mostram a atualidade da ideia do anti-imperialismo na região. O evento tem a chancela da Universidade Católica Redemptoris Máter, de Manágua, e do Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), além de outras instituições.

A atual conjuntura internacional, carregada de ameaças à paz e à autodeterminação dos povos, é propícia para novas reflexões, o intercâmbio de ideias e análises em torno da questão do imperialismo e do anti-imperialismo, como categorias e práticas sociais e políticas sempre presentes nos debates e na luta de ideias, o que, nas condições em que se desenvolvem as lutas dos povos latino-americanos, assume proeminência na região. Os intelectuais progressista, atuando de maneira independente ou no âmbito dos partidos políticos de esquerda, nos movimento sociais, na academia e instituições culturais, são indispensáveis formuladores e animadores desse debate, como da luta de ideias de um modo geral.

Temas em destaque, como o exercício da hegemonia estadunidense nas novas condições em que esta potência declina historicamente e se defronta com uma realidade em que emergem outros polos de poder geopolítico, merecem a atenção no evento nicaraguense, enriquecendo o debate sobre o anti-imperialismo na América Latina.

A tendência principal em nossa região continua sendo a do aprofundamento das conquistas democráticas e patrióticas que se sucedem às vitórias eleitorais das forças progressistas em muitos países. Igualmente, avança a integração de países e povos soberanos, com a criação da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos, a Celac, que contraria os interesses do imperialismo norte-americano na região e provoca reações de tipo intervencionista, tentativas de golpe, fomento à contrarrevolução, cerco econômico e político, como se faz atualmente contra a Venezuela bolivariana.

“De Nuestra América se sabe menos de lo que urge saber”, dizia o herói cubano José Martí, um dos mais fecundos ideólogos das lutas pela independência, fonte inesgotável de inspiração e conhecimento a inseminar o anti-imperialismo de nossos dias. Formar uma inteligência coletiva latino-americana, capaz de desenvolver o pensamento anti-imperialista atual, conhecer mais e melhor o que “urge saber” e difundi-lo é algo que merece estar no centro das atenções de intelectuais e dirigentes partidários e de instituições acadêmicas. Bom sinal, este que vem da Nicarágua.

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