A esquerda põe suas idéias e seu bloco na rua

Os jornalões não lhe deram uma linha, as redes de TV sequer um flash, mas o Bloco de Esquerda (PSB, PCdoB, PDT,PHS,PRB,PMN) lançou, no último dia 20, em Brasília, na sede do PDT, sua plataforma política e seus propósitos. Seu ideário é uma contundente def

Para Renato Rabelo, presidente do PCdoB, o Bloco não deriva de arranjos pragmáticos, mas de uma necessidade objetiva. Já para o presidente do PSB, governador Eduardo Campos, atuar pela consolidação do Bloco é “cuidar do futuro do Brasil''. O ministro Carlos Lupi, presidente do PDT, ressalta que a iniciativa é ''um exercício de inteligência e crescimento''. Numa alusão ao PT, todos explicitam que o Bloco não pretende excluir, isolar, tampouco hostilizar nenhuma outra força da base governista.


 


O Bloco é um filho promissor da última disputa à presidência da Câmara dos Deputados, confronto que alterou a conformação das forças políticas do país. Na esfera da base governista, como se recorda, a ala majoritária do PT decidiu privilegiar um pacto com o lado centro-direitista da aliança.


 


Ao fazer essa escolha, o PT desprezou a coesão da esquerda que jogara papel decisivo às vitórias de 2002 e 2006 e à governabilidade do primeiro mandato de Lula. Diga-se, sem querer alegar: esquerda que foi importante à própria sobrivência da legenda petista. Quando o “pau comeu”, quando a direita em conluio com a mídia golpeou severamente a legenda de Lula, o PCdoB e o PSB levantaram-se em defesa do PT.


 


Migrando para centro e alçando à proa da vasta coalizão o pacto PT-PMDB (leia-se neolulistas), um vazio se abriu no lado esquerdo do espectro político, em especial, na base governista.


 


 Acontece que a esquerda entendida como idéias, ações, partidos, lideranças, entidades, movimentos, em prol do povo e do país é uma necessidade do processo político e histórico. Do chão dessas circunstâncias é que brotou o Bloco de Esquerda. O PT fez sua escolha, assim como o conjunto PCdoB, PSB, PDT, PRB, PMN, PHS fez a sua.


 


Como parte integrante do governo, como parcela esquerda da coalizão, o Bloco impulsionará o segundo mandato do presidente Lula a realizar com coragem política e ousadia os compromissos assumidos com a Nação e estará na linha de frente no combate ao conservadorismo, na defesa do governo.


 


Como tudo que é o novo o Bloco sabe que enfrentará obstáculos para avançar, se afirmar e se consolidar. Por isso, a relevância de suas idéias, de seu programa comum. Programa cujo cerne é o desenvolvimento acelerado do país, assentado na democracia, na soberania, na integração sul-americana, e direcionado a elevar a qualidade de vida do povo, com distribuição de renda e valorização do trabalho.


 


O Bloco, como sublinhou o governador Eduardo Campos, não nasce com a pretensão de ser o dono da verdade. Atuará com todas as forças políticas do campo do governo, valorizará entendimentos com as forças de esquerda que ainda não o integram.


 


Em relação a 2008, o manifesto programático divulgado sublinha que resguardado a autonomia das legendas do Bloco, haverá um esforço para que se estabeleçam alianças entre elas. Ele se afirmará, portanto, no curso concreto das lutas quer seja agora e já como base de sustentação do governo quer seja adiante como legendas coligadas na maior quantidade possível de municípios. Tendo fôlego para percorrer esse percurso, o Bloco se credenciará para jogar um papel decisivo em 2010 no sentido de que seja vitoriosa uma candidatura da base governista.


 


Finalmente, ao se falar em esquerda, é aguardar para ver o resultado político do congresso do PT agendado para o mês de agosto. Lideranças de diferentes tendências que o compõem demonstram divergência com esse giro ao centro que foi imposto à legenda. Alguns reafirmam que a esquerda deve ser o vértice da política de alianças do PT. A vitória dessa concepção (e sua prática) seria relevante para o fortalecimento do conjunto da esquerda brasileira.


 

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