A lenda de dois príncipes e a pequena guerreira Jô

Conta a lenda que, num reino muito distante, de terras montanhosas, de um belo horizonte, vivia um povo pacato, hospitaleiro e cheio de sonho e esperança. Sonhava construir um futuro grandioso, com fartura de alimentos para o corpo e a alma. Povos libertá

Vivia, nesse reino, dois príncipes: Dom Aécio e Dom Pimentel. Os dois eram filhos de famílias nobres e que se conflitaram durante muitos séculos. A família de Dom Aécio há muito tempo freqüentava os palácios e o poder.  Tinha, em passado remoto, vendido a alma ao “diabo-mercado” e possibilitado a ele, à sua família e amigos, conquistar fortuna, poder e gloria. Não respeitava aos seus súditos, fazia negociatas com outros reinos, vendia as riquezas de suas montanhas e quase nada oferecia aos pobres plebeus. Mantinha, ainda, o povo afastado de qualquer informação, pois controlava tudo e todos. Quanto algum súdito questionava, o príncipe imediatamente usava seus métodos ditatoriais, com o uso da força da guarda imperial sufocando a legítima luta de resistência popular.


 


 


A família de Dom Pimentel, também proprietária de grandes fortunas, mercantil e comerciante, durante séculos acumulou riquezas e poder. Contudo, o jovem Pimentel, no início de sua vida, ainda estudante, aproximou-se de dois grandes filósofos: Patrus Ananias e Célio de Castro. O primeiro, um grande homem, extraordinário conhecedor da lei e da justiça social. O segundo, sábio e simples, profundo conhecedor da saúde e alma humanas. Nos primeiros anos de vida, os dois filósofos ensinaram ao jovem príncipe Pimentel, que mesmo vindo de família tão poderosa e rica, era possível governar o reino para todos; olhar os súditos de maneira mais generosa e humana. Ensinaram também ao jovem príncipe Pimentel que lutar contra a arrogância e prepotência da família de Dom Aécio era um desafio histórico e politicamente necessário.


 


 


Durante muito tempo, os príncipes se enfrentaram. As famílias eram inimigas mortais, digladiavam em praça pública e trilhavam caminhos distintos, no tratamento dos grandes problemas de miséria e pobreza, disseminadas por todo o reino. Patrus Anamias e Célio de Castro, que mostraram ao jovem príncipe os caminhos para derrotar a perversa dinastia comandada pelo príncipe Dom Aécio, ensinavam a importância de aproximar-se dos súditos e tratá-los com respeito e carinho. Porém, os anos foram passando. Dom Pimentel foi se afastando dos dois sábios filósofos e se aproximando, de forma inescrupulosa, de Dom Aécio. Nas tabernas, noites adentro, negociavam planos diabólicos, de interesses pessoais, vislumbravam a expansão territorial sob os seus domínios, projetos de poder individual, de manipulação dos súditos, de conspiração contra todo reino.


 


 


Numa dessas noites de ostentação e luxúria, Dom Aécio apresentou a Dom Pimentel um mercenário, vindo lá das terras de Espanha. Um Marquês conhecido pelo nome de Márcio de Lacerda. Um homem de cavanhaque ralo e de cabelos loiros, possivelmente pintados com o ouro desviado dos cofres do reino. O Marquês, dono de grandes fortunas, estivera envolvido em grandes negociatas e maracutais de amplo conhecimento do povo: o mensalão e lista de Furnas. Os dois escândalos envolveram milhões de moedas, desviadas da saúde, educação, moradia, segurança e apropriados para o enriquecimento ilícito de seus comparsas, reis e príncipes do poder. 


 


 


O povo, indignado, observava as negociatas, ficava perplexo com os escândalos, impassível diante da manipulação midiática, que tudo escondia e conduzia com intensa desinformação. Naquele inverno do século 21, os dois príncipes, Dom Aécio e Dom Pimentel, agora unidos contra o povo, resolveram entregar ao Marquês Márcio de Lacerda o palácio e o poder das terras montanhosas de Belo Horizonte. Os dois tinham em mente estabelecer fortaleza naquela paragem, entregando o comando ao marquês espanhol, para, a partir daí, conquistar novos reinos, as terras das Minas do ouro e diamante e do Brasil de riquezas incalculáveis.


 


 


Entretanto, algo de novo surgia nos raios luminosos do sol que entrecortava as montanhas verdes e frondosas daquela terra. Uma pequena e forte mulher, vindas de terras distantes da Paraíba, juntara-se ao povo das montanhas para derrotar o plano maquiavélico dos oligarcas inescrupulosos. JÔ, a pequena guerreira, conhecia profundamente os ensinamentos dos sábios filósofos, Patrus Ananias e Célio de Castro, pois estivera durante muitos anos próxima a eles. Aprendeu, desde jovem, em meio à miséria do povo, que, mesmo difícil e diante de tanto poder, poderia, com o apoio da maioria do reino, derrotar os planos diabólicos e gananciosos que se tramavam contra o povo. JÔ sabia que era preciso derrotar os príncipes Dom Aécio e Dom Pimentel e evitar que seu fiel escudeiro Marquês Márcio de Lacerda assumisse o comando do reino. Aplicando os ensinamentos dos sábios filósofos e com a aproximação do povo, a pequena guerreira foi se agigantando. O povo foi compreendendo que era necessário e possível derrotar a conspiração dos príncipes e o atraso do reino.


 


 


Não demorou muito e, no início do verão, mais precisamente em outubro, no oitavo ano do século 21, o povo do belo-horizonte, com muita sabedoria e astúcia, derrotava a tríplice aliança do mal. Naquele dia, o povo foi às ruas comemorar o feito histórico. O sol voltara a brilhar com sua luz forte e soberana. Dom Aécio e Dom Pimentel, que se juntaram para formar a oligarquia “pimentécia”, foram expulsos do reino. O Marquês Márcio de Lacerda passou o resto de seus dias na masmorra, condenado pelos desvios de milhões de moedas, roubadas do povo. A pequena guerreira Jô, agora unida ao povo, juntara-se aos filósofos Patrus Ananias e Célio de Castro para recomeçar a construção de um reino sedento de esperança e justiça social.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor