A outra face da crise

Os indicadores da crise econômica internacional revelam o desastre provocado pelo delírio da especulação global, demonstrando que a sede do lucro não conhece a prudência e o bom senso.

A débâcle de vários bancos de investimentos, considerados como os mais capitalizados em todo mundo é um exemplo de que a ganância comanda todos os sentidos, inclusive o da sobrevivência.


 



O socorro a essas instituições todo poderosas, promovido pelos governos dos EUA e Europa, principalmente, mostram que o capitalismo tem que acudir os bandidos sob pena de ver não apenas a cadeia, mas toda a cidade desabar.


 



Em outras palavras, ou seguram o baque dessas instituições, consequência da farra louca da especulação, ou todo o sistema cai como um castelo feito de cartas de baralho. Quer dizer, esses governos são reféns dos que deveriam ser punidos, e mais que isso, os vilões são premiados.


 


A novidade nessa conjuntura é que caiu por terra, de uma só tacada, a doutrina do neoliberalismo, em que o mercado prescindia do Estado, ou mais radical, os Estados nacionais seriam verdadeiros entraves ao desenvolvimento das potencialidades humanas, impulsionadas unicamente pela livre iniciativa.


 


Mas o que se vê no momento agudo desse terremoto econômico são os Estados nacionais, principalmente os do primeiro mundo, transformarem-se em salva-vidas não somente dessas oligopólicas instituições, mas de toda a economia afetada pelas estratégias financeiras dos bancos de investimentos.


 


Essa crise mundial mostra-nos outras interfaces muito interessantes, por exemplo, a nova realidade de um comércio internacional bem mais multilateral que antes. As relações do Brasil com a China, Índia, África, em particular a África do Sul, a Comunidade Européia, a Rússia, reduziram enormemente a subordinação à economia norte-americana.


 


Diferente dos EUA e da Europa, o Estado brasileiro foi robustecido e as instituições financeiras sofreram fortes regulamentações, impedindo-as de uma contaminação que se espalhou por muitas nações.


 


O país, evitando uma mega desvalorização do Real, encontrando novas veredas para as exportações, como a China, persistindo em investimentos em infraestrututra, mantendo aquecido o imenso mercado interno, combatendo as ondas oportunistas de demissões, impulsionando a inclusão social, sairá desse caos geral com um maior perfil internacional.

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