A passeata para os policiais no Morumbi

No domingo, dia 12 de outubro, o jornal O Estado de S. Paulo rememorou, em página inteira, a histórica greve da Força Pública Paulista em 1961, cuja sublevação, em 13 de janeiro daquele ano, foi sufocada pelo Exército.

A efeméride, comentada pelo jornal fora de hora, serviu apenas para colocar a pulga atrás da orelha sobre o desenrolar da semana na qual aconteceria (como de fato aconteceu) a manifestação dos policiais civis por aumento de salários, melhores condições de trabalho e carreiras e exigência de negociação com o Governo do Estado. Condições já anunciadas desde o início do ano e motivadoras da greve de mais de 30 dias.


 


 


 


Para enfrentar a vanguarda do movimento grevista que se manifestaria apoiada pelas centrais sindicais, depois de suspender a greve por dois dias em sinal de boa vontade, a cúpula do governo estadual deslocou os serviços repressivos da elite da Polícia Civil e contava com a neutralidade da maioria dos funcionários e dos delegados.


 


 


Levando-se em conta o precedente de 1961 podia-se pensar até na armação de uma maquiavélica armadilha para os dirigentes do movimento.


 


 


Mas, a vida é mais forte e, se armadilha houve, nela caiu não um tatu, mas uma onça feroz.


 


 


Com a adesão apaixonada dos policiais civis que deveriam conter a manifestação, o confronto entre as tropas da PM e os grevistas chegou perto da tragédia, deixando inúmeros feridos e acirrando ainda mais os ânimos, já tensos, entre os policiais civis, os policiais militares e o Comando do Governo.


 


 


A tentativa do governador de “fulanizar” a crise responsabilizando o deputado federal e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, a direção das centrais e as direções partidárias do PT e do PDT foi derrotada, na opinião pública e na prática.


 


 


E então, vamos falar em solucionática. Na terça-feira, dia 21, o ministro da Justiça, e o ministro Gilmar Mendes, presidente do Supremo Tribunal Federal, receberão uma comissão dos policiais paulistas que querem pura e simplesmente a abertura de negociações e o avanço no atendimento de suas reivindicações que são razoáveis. É o que se espera que aconteça.

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