A política expansionista de Israel: os assentamentos "avançados"
O anúncio feito esta semana pelo governo israelense da intenção de prosseguir com a implantação de novos assentamentos em territórios palestinos da Cisjordânia revela claramente a continuidade da política expansionista da atual liderança de Israel. Trata-se da política de agressão e da obstaculização permanente da formação soberana e integral do estado palestino.
Publicado 11/09/2009 00:07
Os "assentamentos avançados" não são nada mais que assentamentos em sua etapa inicial, estabelecidos em determinados lugares com containers ou caravanas que geralmente terminam com a adição de obras de infraestrutura e edificações permanentes, em geral se localizam próximos ou há poucos kilomêtros do assentamento "pai".
Os assentamentos "avançados" servem de forma importante a Israel em termos políticos e territorais. Desde dos anos 90, sucessivos governos israelenses tem se "comprometido" a não construir novos assentamentos. No entanto, as diversas administrações de Israel tem contrariado essa decisão ao facilitar e na maioria dos casos patrocinar a criação de "novos assentamentos avançados" ou "bairros" em assentamentos já existentes. O objetivo dessa política visa a expansão territorial e a sedimentação de populações judaicas dentro das áreas palestinas.
Portanto, a implementação da política de assentamentos, significa a subtração de parcelas de terras palestinas e a violação das Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluida a Resolução 452 (1979), que insta "o governo e o povo de Israel a que em caráter de urgência ponha fim a criação, construção e planificação de assentamentos em territórios árabes ocupados desde 1967, incluindo Jerusalem". Esta como diversas outras resoluções foram sistematicamente descumpridas pelo estado israelense.
Muros e mais muros
No entanto, além da construção continuada de assentamentos, o governo de Israel realiza há alguns anos a construção de um gigantesco muro, que penetra em diversas faixas de terra da Palestina ocupada. São muros longos e altos, dificultando sobre maneira a vida dos palestinos. A construção dos muros foi condenada pela Corte Internacional de Justiça, porém as obras continuam, o que agride mais uma vez o direito internacional. Para se ter uma idéia da dimensão do estrago causado pela construção dos muros, que separa e retalha mais ainda os territórios da Palestina vejamos os seguintes números:
O Muro, com um plano de extensão de 711Km, é maior duas vezes que a fronteira de 1967 entre a Ribeira Ocidental e Israel, a chamada Linha Verde;
82% do Muro será construído sobre o território palestino;
O Muro incorpora cerca de 80 assentamentos israelenses com aproximadamente 385,000 colonos na Ribeira Ocidental, o que faz do muro parte da estratégia de consolidação dos assentamentos;
Quase 11% da população palestina da Ribeira Ocidental ficará isolada, Neste número se incluem 35.000 palestinos que possuem cédula de identidade da Ribeira Ocidental, assim como 268 mil palestinos de Jerusalém. Aproximadamente, 50 mil palestinos de 38 aldeias e cidades ficarão aprisionados em zonas declaradas por Israel como "zonas fechadas", localizadas entre o Muro e a fronteira de 1967;
O Muro fecha e divide Jerusalém Oriental ocupada do resto da Ribeira Ocidental;
É nesse cenário que ocorrerão as esperadas retomadas das negociações, em que Israel procura chegar mais uma vez impondo draconianas e intolerantes condições ao heróico e sofrido povo palestino. Também gera uma certa expectativa qual será o comportamento da nova administração dos EUA, de Barack Obama, já que os governos norteamericanos têm sido ao longo do tempo os incondicionais aliados dos sionistas.