A volta de nossos irmãos

A mídia brasileira noticiou recentemente que milhares de brasileiros que migraram para o exterior estão fazendo o caminho de volta para casa. Sejam bem vindos!

O fenômeno da re-migração não é comum. Em certa medida é raro. O caso brasileiro se explica não apenas pelo crescimento econômico e pelas políticas sócias que estão sendo aplicadas pelo governo Lula. Explica-se, especialmente, pela auto-estima que passa a tomar conta do povo brasileiro. E essa auto-estima decorre do sentimento de que, enfim, o país tem um governo que zela pela soberania nacional, que amplia vagas universitárias e empregos, que parou as privatizações criminosas e que não aceita que o país seja tratado como vassalo por quem quer que seja.

O Brasil hoje fala e trata a todos com respeito e é igualmente assim tratado. Isso tudo faz com que os brasileiros se sintam orgulhosos de seu país e, portanto, desejosos de partilharem essa experiência e com ela contribuir. É o que explica esse extraordinário fenômeno.

Sair de seu país, ficar privado de sua cultura, de seu “mundo”, de seus amigos e de seus costumes é, sem dúvidas, um dos maiores desafios de superação a que um ser humano pode ser submetido. Não importa se esse “exílio” é forçado ou natural, motivado pela migração em busca de novas oportunidades que nem sempre seu país consegue lhe oferecer.

Atualmente, sempre que viajo ao exterior, busco nos rostos da multidão, no modo de ser de transeuntes frenéticos, alguma identidade com os milhares de latinos americanos que anualmente migram em busca de oportunidades alem mar. Fazem o caminho inverso do colonizador português.

E como se encontra gente, como se encontra irmãos das mais variadas nacionalidades e distintas camadas sociais a buscarem sobreviver com dignidade mundo afora, nem sempre trabalhando em ofícios nobres ou honrosos. Pouco importa, eles lutam pela vida.

Se por acaso se vai a uma “noite latina”, como eu tive oportunidade de assistir na Austrália, é possível ter a plena dimensão do que essa diáspora contemporânea representou. Ao som dos ritmos latinos, milhares de pessoas expressam uma alegria tão contagiante que é difícil imaginar que elas sejam capazes de sustentar por longo tempo essa alegria.

E de fato não sustentam. Elas vivem apartadas, solitárias, tristes. Guardam essa alegria para os momentos de encontro com os irmãos, nos momentos de confraternização.

A notícia de que essas pessoas estão voltando é algo extremamente gratificante. Pouco importa se é mão de obra qualificada ou não. São brasileiros, são irmãos. E o lugar de brasileiros é no Brasil.

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