Abertura das Olimpíadas

A emoção de ver Gilberto Gil e Caetano Veloso sendo reverenciados na maior festa do esporte mundial só foi superada por ouvir, pela primeira vez, Paulinho da Viola cantando o Hino Nacional. A emoção não parou por aí: tivemos Elza Soares e Jorge Ben Jor, fazendo qualquer pessoa apreciar um dos poucos legados positivos que os Anos de Chumbo deixaram: uma geração de vários talentos musicais brasileiros que emergiram no período da Ditadura Militar.

A abertura das Olimpíadas, que tanto nos encantou, mostrou ao planeta que outro mundo é possível. E que esta nação tão diversa, tão desigual e tão carente daquilo que muitos países já deram aos seus – como os direitos básicos à cidadania, educação, cultura e oportunidades iguais – pode, ainda sim, fazer uma festa esplendorosa como o Carnaval ou uma abertura de Olimpíadas.

Quando o talento e a genialidade são requisitos necessários, não tem para ninguém no mundo. Seja na cultura popular ou no esporte, mesmo estando em baixa em algumas modalidades, percebemos talentos aflorarem, como caso de Marta e Cristiane no presente e Pelé e Garrincha no passado, só para citar o futebol dentre outros esportes.

Por outro lado, quando analisamos nossas melhores universidades, o poder judiciário e a direção de grandes empresas ou conglomerados industriais, essa diversidade tão bonita apresentada nas Olimpíadas não se faz presente.

Esperamos que um dia este país, que já provou que quando coloca seu talento à prova não tem concorrentes no mundo, também estenda as mesmas oportunidades a outros espaços da nossa sociedade para quem sabe assim, também possamos garantir medalhas de ouro na política, na ciência, na tecnologia, na medicina e um dia até alcançar um Nobel, feito que ainda não conquistamos.

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