Acesso ao trabalho e opção eleitoral
Dentre as muitas diferenças entre o desempenho da economia nos países capitalistas centrais (Europa principalmente) e o Brasil, em tempo de crise global, está o fato de que lá há uma combinação maléfica de retração econômica com exclusão social, levando o desemprego a taxas absurdas, como na Espanha, que chega a 30% da população economicamente ativa; e aqui, ainda que insuficiente em função de nossas imensas demandas, há crescimento econômico com ampliação de postos de trabalho.
Publicado 25/04/2013 12:17
Tanto que operamos com taxa de desemprego em torno de 5% – vale dizer, tecnicamente num cenário de pleno emprego.
Em artigo recente, o economista João Sicsú, do Ipea, analisa dados referentes aos últimos dez anos, afirmando que “está provado que, quando há crescimento, o número de empregos com carteira assinada aumenta”. Isto a partir de políticas econômicas e sociais implementadas por Lula e Dilma, com resultados exuberantes: em 2003, a taxa média de desemprego era de 12,3%; em 2012, despencou para 5,5%.
Além disso, parte expressiva dos postos de trabalho criados é formal, seus ocupantes possuem carteira assinada ou são estatutários, fazendo jus aos direitos trabalhistas. Exatamente o inverso do que afirmavam os arautos do neoliberalismo, nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, que sustentavam a tese de que a formalização onerava demasiadamente os empresários. Daí defenderem reforma nas leis trabalhistas restritiva dos direitos dos assalariados.
O período Lula-Dilma provou o inverso: crescimento econômico pode rimar, sim, com expansão das oportunidades formais de trabalho. O que ocorria antes, isto sim, era a retração insuportável das atividades econômicas suplantadas pela orientação de governo que priorizava a financeirização da economia. As prioridades se inverteram – e a estatísticas também.
Em paralelo a essas constatações emerge outra, que pode ser posta em prospecção. A tendência natural dos milhões de brasileiros que conquistaram emprego com carteira assinada é fazer uma opção eleitoral que lhes dê a perspectiva de continuidade de políticas públicas que assegurem estabilidade na ascensão social conquistada.
Daí o desafio das oposições, que buscam – e até agora não alcançaram – o discurso que possa desconstruir as bases sólidas de apoio do governo junto aos denominados segmentos C, D e E, beneficiários diretos da inclusão produtiva. Uma empreitada muito difícil.