Aécio Neves: o perigo que vem de Minas

O governador de Minas Gerais Aécio Neves postulante à sucessão do Presidente Lula, neto de Tancredo Neves, é do típico político que tenta esconder, a todo custo, o outro lado da sua face. De um lado, o bom moço, moderno, namorador, gestor público ortodoxo

Ocorre que esse político de aparência elegante e jovem vem colocando as “manguinhas  de fora”. No mês de março, a sua polícia assassinou trabalhadores rurais, mas não prendeu ladrões de bancos, dividiu a Copasa, para um futuro processo de privatização e viajou para a Colômbia para conhecer as técnicas utilizadas pelo Presidente Álvaro Uribe, de combate ao “crime organizado”.


 


A Colômbia, país que compõe o pacto andino, é hoje governado pelo  único Presidente que ainda mantém relações com o governo Bush e a política belicista da Casa Branca. O plano Colômbia é a expressão e a materialização da política estadunidense para região. Somente nos últimos quatro anos, o governo americano injetou cinco bilhões de dólares para financiar o exército colombiano. Também enviou para o país um grande número de militares, para combater as guerrilhas de esquerda que há trinta anos operam na região das florestas colombianas.


 


A ajuda  norte- americana ao governo conservador e autoritário de Uribe não se restringe ao dinheiro estatal, mas também ao de empresas privadas com sede nos Estados Unidos. Chiquita, uma das maiores empresas produtora de bananas do mundo,  com sede em Cincinnati, Estado de Ohio, EUA,, opera na Colômbia, região de Urabá, a sua principal base de produção agrícola. Ocorre que a justiça americana denunciou, nos últimos dias, essa empresa como financiadora do principal grupo paramilitar em operação na América Latina – AUC –  forças de autodefesa unidas da Colômbia.


 


Esse grupo paramilitar assassinou, na região de Urabá, nas últimas décadas, milhares de camponeses, sindicalistas, religiosos e líderes da esquerda colombiana. Durante muito tempo, grupos de direitos humanos denunciaram a fusão do estado colombiano com os assassinos ligados a AUC. O governo Álvaro Uribe, reeleito recentemente para um novo mandato, sempre negou qualquer relação com grupos paramilitares. Entretanto, nas últimas semanas, a máscara do presidente Uribe caiu. A Ministra de Relações Exteriores Maria Consuelo Araújo era um dos elos entre a AUC e o Governo. Outro personagem que aparece nos últimos dias é Jorge Noguera, coordenador da campanha eleitoral de Álvaro Uribe. Consuelo e Noguera são duas das centenas de personalidades políticas da Colômbia, envolvidos na articulação do governo com os grupos paramilitares de extermínio.


A Colômbia é, na América Latina, o último país a realizar um governo de aproximação com George Bush, sendo, na atualidade, o país que se contrapõe ao avanço de esquerda na América Latina. O governo americano procura desestabilizar a região para justificar uma provável ocupação na Bolívia e Venezuela.


 


Mas qual a finalidade da viagem de Aécio Neves à Colômbia? Primeiro, sinaliza para o governo norte-americano e para os financiadores internacionais que a política desenvolvida na Colômbia, em contraposição à esquerda Latina Americana, é melhor opção para a região. Neste sentido, o pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves, se apresenta como o opositor implacável da esquerda e dos movimentos sociais e adota uma posição clara de adesão às teses conservadoras de Bush / Uribe.


 


Segundo, no Brasil crescem as milícias privadas e grupos de extermínio, principalmente, nas periferias das grandes cidades. A segurança pública, em tempos de neoliberalismo, e em Minas, no governo Aécio Neves, não é diferente; foi destruída, e a política de focalização segue a rotina de perseguição aos movimentos sociais e sindicais e um processo acelerado de privatização. A aliança do estado repressor com grupos paramilitares da maneira que ocorre na Colômbia, não é nenhum modelo a ser seguido aqui ou em qualquer parte do mundo o aparato repressor daquele país, sinaliza para Minas e o Brasil, os verdadeiros objetivos políticos da sua visita a Medellín: construir, a partir do Brasil, a base de oposição à esquerda latino-americana e fundir o Estado, com aparato repressor,  a grupos paramilitares, como forma de combater os movimentos sociais e os partidos de esquerda.


 


O movimento social, os sindicatos, os partidos políticos devem, urgentemente, desnudar o governo de Minas e mostrar à nação o perigo que representa a hipótese de eleger um presidente em 2010, com as características do atual governador de Minas.


Aécio Neves, um perigo para a região, um perigo para a nação.

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