Autoritarismo servil ao grande capital

Os ataques ao regime democrático caminham lado a lado a uma enorme regressão social e econômica. O autoritarismo bolsonarista é servil ao grande capital

Fotomontagem feita com as fotos de: Eduardo Andrade/Ministério da Economia e Elo7

Muito se comenta, inclusive na mídia monopolista, que o governo Bolsonaro é chegado a um arroubo antidemocrático. Dia sim, no outro dia também, o presidente faz questão de externar seu espírito autoritário através de gestos, palavras e atos. O que poucos mencionam é que os ataques ao regime democrático caminham lado a lado a uma enorme regressão social e econômica. O autoritarismo bolsonarista é servil ao grande capital. Senão vejamos:

Levantamento realizado pelo Estadão informa que, no segundo semestre, o lucro de dez empresas dentre as maiores da bolsa brasileira foi mais que o dobro em relação ao primeiro trimestre de 2021, passando de R$ 52 bilhões para R$110 bilhões. O mesmo levantamento indica que o Itaú apurou um lucro de R$ 6,5 bilhões no mesmo período, enquanto a maior cervejeira do país, a Ambev, obteve lucro de R$ 3 bilhões, representando um aumento de 123% em 12 meses. As exportações do agronegócio seguem em alta e, puxados pela demanda chinesa (principalmente por soja), alcançaram US$12,11 bilhões em junho deste ano. Não é à toa, portanto, que segundo a revista Forbes, o total de bilionários no Brasil foi de 44 para 65 em 2021. Juntos, esses ricaços acumulam uma fortuna superior a R$1,2 trilhão.

Setores intermediários, contudo, sofrem com a orientação neoliberal da política econômica de Guedes e companhia. O Índice de Situação Financeira das pequenas indústrias sofreu uma redução no primeiro trimestre de 2021. De acordo com a Confederação Nacional da Industria (CNI), isso se deveu à dificuldade de acesso ao crédito, queda da produção e do faturamento e à alta do preço dos insumos.

Os pequenos produtores rurais de alimentos, excluídos do circuito comercial mais amplo, não encontram amparo governamental. Os agricultores familiares que produzem itens da cesta básica foram responsáveis por meros 18,6% do Pronaf (2020/2021). O crédito agrícola é escasso e concentrado territorialmente nas regiões Sul e Sudeste.

Enquanto a economia patina com crescimento meramente estatístico, assistimos ao aprofundamento da crise social. O país convive com mais de 14 milhões de pessoas na pobreza extrema. Pesquisa realizada pela Rede Brasileira Sobre Pesquisa Alimentar no final do ano passado indica que 19 milhões de brasileiros encaram o flagelo da fome. Em julho deste ano, o custo da cesta básica calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) aumentou em 15 capitais. Dessa forma, em uma cidade como Porto Alegre, por exemplo, a cesta básica consume 64,56% do salário mínimo. Quando o assunto é o mercado de trabalho, mesmo o insuspeito jornal Valor Econômico vaticina que o crescimento da economia não será suficiente para reduzir o desemprego no período pós pandemia.

E o que faz Bolsonaro e sua base diante da calamidade social e econômica do Brasil? Poucos momentos antes do enterro da esdrúxula proposta de voto impresso, a maioria governista da câmara aprovou o texto base de uma minirreforma trabalhista. Nela, além da redução de salários e jornadas de trabalho em meio à pandemia, foram acrescentadas emendas que, dentre outras barbaridades, reduzem proteções ao trabalho e a renda dos trabalhadores e dificultam a fiscalização de trabalhos análogos à escravidão.

O autoritarismo bolsonarista é um método e está a serviço dos poderosos. O presidente investe contra o Estado democrático de direito ao tempo em que atenta contra os direitos dos trabalhadores e faz de tudo para manter e ampliar os privilégios e os interesses das elites econômicas.

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