“Bem-Vindo”: Limites da consciência

Em filme sobre a onda migratória na França e, por extensão, na União Européia, diretor francês, Philippe Lioret, leva espectador a adotar o garoto Bilal como uma espécie de filho adotivo, a quem se deve tudo permitir, inclusive a salvação, numa atormentada história de amor entre dois jovens do Curdistão

Bilal é um jovem de 17 anos que, apaixonado pela garota Mina, atravessa a pé os mais de três mil quilômetros que separam sua cidade natal, Mossul, no Iraque, até Calais, França, para então encontrá-la em Londres, Inglaterra. É sua luta contra dragões e maldades de toda espécie que nos faz mergulhar nas contradições que marcam as relações entre o Primeiro e o Terceiro Mundo neste inquietante “Bem-Vindo”, do francês Philippe Lioret. De estrutura simples, com planos sequência bem estruturados, o filme tem sua ação marcada por uma música que dita a urgência do encontro entre ambos. Os separam não só os entraves legais, os limites éticos, os bloqueios criados pelas leis de imigração francesas e inglesas, como a divisão entre os próprios imigrantes e o patriarcalismo iraquiano. E, principalmente, uma dificuldade de comunicação quase intransponível não fosse à existência do celular, que permite ao jovem se apresentar à amada, escapando ao cerco que o pai dela lhe impõe.

Uma multiplicidade de barreiras, entre as quais se inclui um enorme desafio a superar e a necessidade de uma resistência física hercúlea para alcançar os objetivos por ele traçados. E Bilal (Firat Ayverdi), mesmo jovem, já tem fraturas suficientes para curar, por viver em meio à guerra movida pelos EUA ao Iraque e ao Afeganistão, desde a queda das Torres Gêmeas, atingindo a região do Curdistão (e não só esta) de onde vem. Nem se dá mais pela grandiosidade de seu sonho, tampouco se preocupa com os riscos que a travessia oferece, não só para ele como para os demais emigrantes que, por razões diversas, dividem com ele o alojamento em Calais e, depois, o enorme caminhão através do qual pretendem chegar ao suposto paraíso britânico. As marcas do conflito hoje relegado aos rodapés dos jornais, porém, não o abandonam nessa epopéia cujas feridas interiores limitam sua resistência física e o impedem de evitar que os outros paguem por sua “condenável negligência”.

Filme é dotado de narrativa circular

Os sonhos neste admirável “Bem-Vindo”, dotado de uma narrativa circular que remete uma simples ação para todo o filme, são alimentados não apenas pela paixão. Tem a impulsioná-los as desigualdades entre as origens dos próprios imigrantes. Cada um deles traz na face às cicatrizes e as contradições da região de onde escapou. Ao chegar ao continente europeu, elas não desaparecem. Estão sempre presentes. Há um bloqueio feroz contra Bilal, de parte do pai de Mina (Derya Ayuerdi), por ele não pertencer à elite do Curdistão. Daí, como num tricô, um fio puxa o outro e o novelo vai se desmanchando. A família dela está em Londres trazida por um primo, dono de restaurante, que começa a prosperar e decide trazer os parentes para ajudá-lo. Outros árabes, africanos, latinoamericanos e asiáticos vêm por outras razões: simplesmente buscam construir uma vida ao estilo do Primeiro Mundo. E as leis anti-imigração da Comunidade Européia e, em particular, do governo conservador francês, desde a chegada ao poder de Nicholas Sarkozy, os classificam como parias, suspeitos de atentados, deserdados, criminosos.

Bilal, com seus parcos rudimentos de inglês, tem outros objetivos para além do casamento com Mina. Quer se transformar num galáctico. Um jogador de futebol ao estilo de Cristiano Ronaldo e Beckhan. De preferência usando as gloriosas camisas do Manchester United. Tem inclusive um nome: “bazda”, corredor, em curdo. Não pretende medir esforços para chegar ao olimpo. Numa demonstração da influência da rede midiática, que torna o esporte, não só o futebol, um dos pilares do predomínio global das ex-potenciais coloniais França, Itália, Alemanha e Espanha no planeta. Lioret, em roteiro feito a seis mãos, com Emmanuel Courcol e Olivier Adam, o dota de uma vontade incomum, vista em seres cujas dores só os impulsionam em direção aos seus intentos mais distantes.

Celular facilita comunicação entre os jovens Bilal e Mina

Ele, Bilal, tem certa fixação em se mostrar presente, em ser anunciado, em não deixar a paixão dele por Mina e vice-versa arrefecer. Tem como facilitador o unipresente celular, que o põe em contato permanente com o irmão de sua amada, ciente de que a informação a ela chegará. Um instrumento que se transformou não só num elo de comunicação, símbolo de status, refez as relações da juventude que não mais se encontra cara a cara, salvo em raros “points”, usando-o e ao computador (leia-se internet) para superar todo tipo de entraves ao “ficar” com seus pares ou amados. As conversas têm um claro sentido de urgência em “Bem-Vindo”, não estando distantes dos códigos criados pela “geração-celular” para se fazer entender sem necessidade de grandes explicações. Ainda mais quando o outro lado sofre ameaças para com ele não se comunicar.

Nestes momentos as relações sociais curdo-iraquianas aparecem em toda sua dimensão. Pelo medo com que ambos, Bilal e o irmão de Mina, têm do pai da amada. Este é senhor absoluto da moça. Reflexo de uma cultura milenar em que este pode dispor dela para mudar o rumo de sua vida para o bem ou para o mal. A cada telefonema o poder dele sobre ela se mostra mais avassalador. É o bloqueio central, dado que Mina é menor de idade, não tem qualquer liberdade de escolha ou de movimento. Bilal o sabe. Sofre por isto. E nós, espectadores, também. As histórias de amor juvenil, a exemplo de Romeu e Julieta, por mais repetitivas que sejam, continuam a alimentar nossa solidariedade. Então, Lioret cria uma série de situações para nos situar no mundo em que vive Bilal. É quando surgem as filas e filas de imigrantes, rodeados por agentes de imigração, cães pastores e, para amenizar suas aflições, os voluntários e assistentes sociais de ONGs, que os alimentam e evitam que as perseguições que lhes são movidas sejam menos cruéis.

Ex-nadador assume todo risco por Bilal

Numa destas vertentes, temos o instrutor de natação, Michel (Vincent Lindon), ex-recordista de 400 metros livres, entregue nos últimos anos à solidão devido à separação da mulher Marion (Audrey Dana). Ela, ao contrário dele, vive nos mundo dos imigrantes. Intercede a favor deles, sente suas dores e o critica por não se solidarizar com eles. Michel não se importa, continua a viver, tentando atraí-la para seu antigo apartamento, reatando uma relação que, no seu entender, deve continuar. Pessoas como ele costuma não ter olhos para o outro, principalmente ilegais vivendo da caridade alheia. Apenas sabem que existem os imigrantes e isto lhes basta. Assim é Michel, mais interessado em aperfeiçoar o potencial de seus alunos de natação numa academia onde o problema maior é controlar o tempo deles. Isto até que um incidente coloca Bilal em seu caminho. E funde as duas vertentes do filme: a da luta do jovem curdistanês para chegar à amada e a do maduro instrutor de natação francês para amenizar suas perdas.

Lioret usa os dilemas de ambos para aproximá-los. Eles têm em comum a carência, a necessidade de ter o objeto de desejo a seu lado. Um já o teve e o perdeu enquanto o outro; embora tenha tido pouco contato com a amada, se dispõe a tudo para a ela se unir. Dois homens de origens e formação tão diferentes encontram sólidos pontos em comum. Gostam de superar desafios. Michel sabe de suas limitações e das draconianas e reacionárias leis que o impedem de ajudar Bilal. Este, por seu turno, conhece seus limites, suas fraquezas, porém ignora-as em nome de seus sonhos. No entanto, não é a urgência de Bilal chegar a Londres que faz Michel entrar em sua vida: são as conflituosas relações entre os deserdados do Terceiro Mundo e as camadas dominantes do Primeiro Mundo, que lhe mostram o caminho da mudança. Os últimos têm a ajudá-los as camadas reacionárias, aquelas que enxergam ameaças à sua integridade física, ao seu patrimônio, à sua suposta tranquilidade e, notadamente, a certa “pureza racial”, à simples presença de um imigrante no mesmo espaço que eles.

Lei anti-imigrante vira arma contra jovem curdo

São elas que agem como cão de guarda de Sarkozy, ex-ministro do Interior francês, agora presidente, que chegou ao poder através de feroz campanha anti-imigrante. Forma de compensar a decadência político-econômica enfrentada pelo país, outrora conhecido como pátria dos refugiados. E não é outro o caso de Bilal, vitimado pela invasão dos EUA. Fato ignorado pelos conservadores franceses (e não só os da França). Lioret o mostra em sequências em que o vizinho de Michel o acusa de quebrar sua tranqüilidade, trazendo para o prédio “gente imunda que não toma banho, e suja tudo”. E põe, inclusive, sua masculinidade sob suspeição. Uma vigilância que tem muito dos que aderiram silenciosamente à política do Terceiro Reich, com a busca de certo arianismo, de limpeza étnica, de escamotear sua própria culpa pelo fracasso da assimilação. Escamoteando que sua alegada tranquilidade e seu nível de vida advêm de seu condenável silêncio; mantido também à época da espoliação dos países dos povos agora rejeitados.

A incisiva propaganda da “Terra Prometida”, como já observado em outros textos deste colunista, cria esta leva de imigrantes que se tornam parias nos centros geradores destes mesmos conflitos sóciopolítico-econômicos. Hoje multiplicados pelas causas de sempre: falta de solução para o conflito árabe-israelense, persistência nas guerras contra o suposto terror, exploração até a extinção dos recursos naturais e pelo abandono das ex-colonias à indigência. Criando, assim, uma explosão social de difícil, senão impossível, contenção, pois a intensa propaganda continua, enquanto a repressão atinge níveis jamais imaginados em tempos de aparente paz. E chegam ao cinema pelas bordas, dado que o a cinematografia predominante, a hollywoodiana, os sataniza, tornando-os os vilões atuais. Abordagem só contrabalançada, com alcance reduzido, ainda assim eficiente; pelos cineastas e roteiristas comprometidos com as causas político-sociais, caso de Lioret e outros cineastas atentos às contradições das nações que integram a União Européia.

Francês sofre na pele consequências da lei

Michel e Bilal ficam, assim, no meio deste imenso conflito sem ter condições de dimensioná-lo ou dele escapar. O francês, ao sofrer na pele as consequências da política anti-imigração de seu país, começa a ter um comportamento de resistência à autoridade. Sua vida passa a ter dois centros: o da tentativa de recuperar Marion e o de ajudar Bilal, com todos os riscos que isto implica. A ponto de chamar atenção da engajada Marion, que, num determinado instante, vê em sua atitude um risco para a vida dele. Começa a desestimulá-lo, embora o incentivasse, mas por ele não ter o traquejo necessário para tal envolvimento. As contradições, porém, são muito fortes. As filas e o tratamento violento dado aos imigrados não o deixam indiferente. Daí nasce uma relação entre ele e o garoto curdo que torna “Bem-Vindo” uma instigante epopéia sobre a solidariedade nestes tempos de indiferença ao sofrimento do outro, valendo mais os cuidados com a estética pessoal, metáfora para o puro hedonismo e, por que não, niilismo da sociedade virtualconsumista.

Desta forma, Bilal acaba despertando em Michel forte identificação com sua persistência, desmedida tendência a buscar se superar, sem medir o tamanho do desafio. Isto leva o francês a se descuidar de sua relação com o vizinho conservador, delator, e permite a Lioret introduzir uma discussão invertida da privacidade. Esta deixa de ser o comportamento por demais burguês, individualista ao extremo, fechado em seu casulo, dando importância alguma ao vizinho, para se transformar num direito do cidadão abrigar quem queira em sua casa, mesmo que não atenda à vontade política do outro. Então, sob este aspecto, o que é a privacidade?

1 – Seria a busca de tranquilidade a custa da intromissão na vida particular do outro?
2 – Seria a necessidade de dispor de sua vida, relacionando-se com quem achar melhor, ignorando as limitações legais, criadas pelas camadas reacionárias?
3 – Seria o direito de dispor de sua visão distorcida e preconceituosa do outro, seja ele de que país for, intrometendo-se na vida de quem o ajuda?
4 – Seria uma forma de ajudar o outro e continuar sua vida, sem se importar com o que o outro diz ou faz?

Filme ultrapassa narrativa sobre uma simples paixão

Michel sofre e age nas mais diferentes latitudes, enquadrando-se em todas as questões levantadas. Chega ao ponto de ironizar as intromissões do vizinho em sua vida, aceitando a acusação que põe sua virilidade em questão. O filme ganha, então, uma riqueza tal que ultrapassa a simples narrativa da paixão entre dois jovens orientais e a relação de um deles, Bilal, com o francês, Michel. As identidades perdem o sentido. Elas não são mais de lugar nenhum. Estão concentradas em cidadãos comuns, aterrorizados pelas leis que atendem aos interesses de uma camada dirigente que não mais cumpre seu papel. Usando o artifício medieval do terror para adiar sua decadência.

No entanto, os limites geográficos existem e se reforçam. Isto se dá quando Bilal não desiste de suas intenções e os sofrimentos já suportados para atingir seus objetivos. Ele tem uma origem: Mossul, território autônomo do Curdistão (1). Quer chegar à Inglaterra. Ele está em Calais, França, de frente para o território britânico. A separá-lo de Mina apenas o Canal da Mancha (2). Michel já não vê o sonho dele como antes. Parece-lhe natural que Bilal possa chegar a Londres e se unir a Mina. Entretanto, o que é natural para um, nascido no Primeiro Mundo, não o é para o outro, vindo do Terceiro Mundo. Enquanto para é um sonho, para o outro chega a ser um devaneio. A junção de suas vontades é que poderá fazer a diferença. Como nos filmes de competição esportiva, há todo um preparo a ser feito, e Michel sabe como fazê-lo.

Obstáculo torna cúmplice ex-nadador e jovem Bilal

Só que existe um obstáculo intransponível, que vem a se revelar superável, desde que se tenha técnica e persistência. E eles, ao se unirem, intercambiam possibilidades. Iluminam limites e espaços para superação. Michel revive com Bilal. Suas chances com Marion se renovam – ele volta a acreditar. A forma usada Lioret para uni-los – Bilal/ Mina, Michel/Marion – é brilhante. Cheia de sutilezas, intenções renovadas, cumplicidade, ações submersas, que vão de um personagem ao outro iluminando a narrativa, dotando-a de um poder gratificante. Nem o inspetor de polícia com sua aparente calma não deixa de se mostrar, em seus termos, condescendente, pela maneira como detém e solta Michel. Sua complacência é de quem se vê diante de alguém cuja tenacidade foi testada quando disputava provas de natação. “Estive vendo que o senhor foi campeão, senhor Michel!” – lhe diz o inspetor com sua fala mansa.

Quando o círculo se fecha, somos obrigados a entender a gradualidade do enriquecimento pessoal de Michel. É outro ser humano, menos impositivo, dotado de uma sensibilidade ignorada até por Marion. Neste momento, em que portas se fecham para ampliar o sentido de suas ações, o filme atinge um grau de ebulição emocional tal que a garganta dá um nó, a emoção flutua. Michel diante de Mina, depois das aflitivas palavras trocadas ao celular, ouve com clareza o que a torna prisioneira de um costume milenar: o de não dispor de seu próprio corpo e tampouco ter liberdade de escolha. Ela terá de arcar com este peso ainda que possa se insurgir, mesmo arcando com graves consequências. Guardando as devidas proporções, Michel terá de se haver com a justiça francesa por ter ignorado as leis anti-imigração. Legal do ponto de vista das camadas dirigentes, porém injusto, ética e moralmente condenável. E ele, depois de conhecer Bilal e Mina, está apto a prosseguir sua nova cruzada, desafiando-as.

Diretor tira de Michel traços de heroísmo

Não há heroísmo da parte de Michel, Lioret não o mitifica nem a Bilal. Suas artimanhas são palpáveis e verossímeis. Não existem peripécias, lances arriscados, normais em filmes de ação. Só uma incessante busca para ligar as duas jovens pontas amorosas: Bilal e Mina. Uma narrativa inteligente, centrada numa trama multifacetada, unindo discussão social e política, inserindo nelas altas doses de suspense, às vezes melancólicas, como nas seqüências em que Michel e Bilal estão na praia diante do Canal da Mancha, com o mar a desafiá-los. Percebemos que não é o mar que impede o jovem curdo atravessar o canal, são as leis draconianas e reacionárias da França e Inglaterra é que o bloqueiam. Chegam a assumir caráter assustador, configurados para ele e demais imigrantes nos gigantescos caminhões cruzando o túnel que liga o continente europeu à ilha britânica: são como dragões atacando seres indefesos, cuspindo fumaça, rodeados por cães ferozes, detectores de vozes sensíveis e vigilantes de fronteira sagazes. Ou disputando uma tigela de sopa, enregelados pelo frio, sem saber quando terão uma nova chance de travessia. Têm a movê-los tão só uma enorme vontade de integração a um país que os rejeitam.

Michel aprende, ao conviver com eles, que lhes deve seu renascimento. Até sua forma de abordar Mina se transforma. É menos incisivo e mais compreensivo com seus alunos, nos quais vê o exemplo de Bilal. Nada mais para ele importa, nem as leis anti-imigração e a seguidas prisões. Suas mutações não são embaladas por trilha musical, típicas dos melodramas, a música aqui cumpre um papel; a de ditar a urgência de Bilal em se unir a Mina. E Michel é o instrumento que, por sua vez, tem pressa em reatar sua própria ligação com Mina. Cada um deles já tomou suas decisões, a forma como irá concretizá-la é que nos faz torcer por eles, embora Lioret já tenha nos conscientizado das dificuldades de isto ser alcançado. Os diversos entrechos do filme vão se fechando – e Lioret usa um artifício, a exemplo de Hitchcock, para nos fazer entender seu desenrolar do novelo dramático. Um truque que funciona às mil maravilhas, atentando que certas manobras são necessárias para que deixemos o cinema com a sensação de que o ato de Michel valeu a pena.

Desta forma, “Bem-Vindo” deixa a feliz impressão de que continua sendo possível contar uma história de tema sócio-político, tomar o partido dos explorados, sem cair no reducionismo ou discurso fácil. Lioret lança mão de toda uma carpintaria dramatúrgica para nos envolver e consegue. Sua estética simples, de planos-sequencia bem estruturados, com os personagens atendendo à necessidade da trama, sem movimentos desnecessários de câmera e a tranqüilidade para nos fazer acompanhar e entender suas intenções, são admiráveis. Chega a ser desafiador, sem parecer irreverente. Filme que, certamente, pode ser exibido e discutido pelos jovens e trabalhadores, para sentirem o clima que se desenvolve na Europa, refletindo as conseqüências do colonialismo e da invasão do Iraque, se nos restringirmos apenas ao tema deste tocante e sensível “Bem-Vindo”.

“Bem-Vindo”. (“Welcome”). Drama. França. 2009. 110 minutos. Roteiro:Philippe Lioret, Emmanuel Courcol, Olivier Adam. Fotografia: Laurent Dailland. Direção: Philippe Lioret. Elenco: Vincent Lindon, Audrey Dana, Firat Ayverdi, Derya Ayverdi.

Observações:

(1) Curdistão é chamado o “país dos curdos”, formado por 23 milhões indo-arianos, que vivem dispersos pelo Irã, Transcaucásia, Turquia e Curdistão iraquiano. Muçulmanos sunitas, eles cuidam da agricultura e da pecuária. Mas a região de Kirkuk, onde existem ricas reservas de petróleo, tem sido fonte de constantes conflitos com os sucessivos governos iraquianos.

(2) O Túnel da Mancha, construído de 1985 a 1996, pelos governos da França e da Inglaterra, tem 50,3 quilômetros, 37,3 deles 40 metros abaixo do nível do mar. Por ele trafegam trens carregados de caminhões, como os mostrados no filme “Bem-Vindo”. Faz a ligação entre Fréthun, lado francês, e Cheriton, lado inglês. ´É a travessia moderna do canal que lhe dá nome, cujos 31 quilômetros de largura e 172 metros de profundidade, abertos para o Atlântico Norte, são desafiados por inúmeros nadadores profissionais (Mancha, Livro 15, Grande Enciclopédia Larousse Cultural, pág. 3768, Nova Cultural, 1998).

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