Coronavírus impõe novos desafios para a educação

É perceptível que coronavírus (COVID-19) mudou a rotina de milhões de pessoas em todo o planeta. No caso do Brasil, a quarentena, remédio encontrado para dirimir os impactos da pandemia, afetou o mundo do trabalho e, como não podia ser diferente, a educação das

Cascão l Ilustração Maurício de Souza Produções

O Ministério da Educação (MEC), através da medida provisória nº 934, de 1º de abril de 2020, flexibilizou a carga horária mínima de dias efetivos no trabalho escolar na educação básica e superior. Com a medida, cada instituição ou rede de ensino terá autonomia para fazer a adaptação da forma mais conveniente.

Com essa medida, vários caminhos são abertos. Daniel Cara, da Campanha nacional pelo direito à educaçãolistou algumas possibilidades. 1) Ampliação da educação em tempo integral; 2) Conclusão do atual ano letivo em 2021; 3) Reposição de aulas com atividades complementares; 4) Adotar a educação a distância (EaD) com solução. Para ele, a solução é garantir que as escolas públicas e privadas decidam autonomamente, bem como para cada sistema de ensino, respeitando as diretrizes nacionais, envolvendo toda a comunidade educacional e, por último, antes mesmo do isolamento social acabar, precisamos acordar um Pacto Nacional pelo Direito à Educação.

No entanto, o MEC parece que tem estabelecido orientações visando privilegiar a modalidade EaD. A portaria nº 343, de 17 de março de 2020, permite que as aulas presenciais possam ser substituídas por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do novo coronavírus.

As críticas a esta alternativa não param. Os professores Fernando Cássio e Salomão Ximenes, ambos da UFABC, em texto publicado no jornal Le Monde Diplomatique Brasil, analisam que “o isolamento forçado expõe as desigualdades internas das instituições de ensino superior. Nas universidades públicas, a pandemia vai abrindo flancos para o desmonte do ensino presencial, bem como oportunidades de negócio para parceiros do governo federal.” O texto escrito por Mauro Sala, doutorando em Educação pela UNICAMP e professor de Sociologia da rede pública estadual de São Paulo, apresenta alguns dados interessantes sobre o tema.

Por outro lado, a ONG Associação Jornalista pela Educação (JECUDA) publicou uma matéria que define o que é o ensino a distância e como ele se organiza no Brasil. O texto afirma que “apesar dos desafios envolvidos, o atual cenário pode ser uma oportunidade para que as escolas e redes de ensino passem a incluir as tecnologias de comunicação em suas práticas pedagógicas.”

Sei que a realidade é ímpar na história recente do país. Os desafios impostos pelo coronavírus impõem a necessidade de encontrarmos soluções para que a pandemia não amplie a desigualdade social existente no país, tendo a educação como vetor. As alternativas existem, a massa crítica também.

O que não pode é, a exemplo do que o MEC fez ao estabelecer o calendário do ENEM para 2020, causando reação imediata do Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (CONSED), desconsiderar a pandemia como fator fundamental para pensarmos em uma alternativa para a situação. Se a situação é atípica, as soluções convencionais não podem ser aplicadas acriticamente.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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