Crise no Senado, direita em “xeque”

A crise no Senado, animada por fatos reais e outros fabricados, finalmente começa a ser enfrentada pelas forças políticas que dão sustentação ao governo Lula, a partir da representação feita pelo PMDB contra o líder do PSDB, Senador Artur Virgilio.

Mas é bom ter presente que ela ainda não está em “xeque-mate”. A direita ainda tem margem de manobra. A principal delas é precisamente a confusão ou o oportunismo que contamina boa parte da base de sustentação do governo. Uma parte ainda não percebeu ou finge não perceber que o alvo não é Sarney. O alvo é Lula e o objetivo é paralisar o governo e impedir as suas realizações.

Mas estas realizações são boas para o povo, ponderará o desatento, como pode a direita querer impedir que elas aconteçam?

A direita brasileira e mundial tem características que são próprias de seu conteúdo de classe, dentre elas a vocação golpista, o elitismo e o desprezo pelo povo. Basta uma simples busca pela história recente para a comprovação dessa assertiva. Sempre que ela não consegue se apoderar do poder pelo voto – e aí faz apologia à democracia burguesa – ela recorre aos golpes de estado ou assaltos às instituições como fez com Severino Cavalcanti – que ela elegeu – e agora tenta contra Sarney.

Com a ação do PMDB a direita entrou em check, na medida em que terá dificuldade de explicar porque considera grave os “pecados” de Sarney – muitos dos quais cometidos pelo PFL e o próprio PSDB nos longos de comando da mesa da casa – mas considera irrelevantes, injustificados e até mesmo “retaliação”, os delitos assumidos publicamente pelo representado.
A partir de agora qualquer pessoa que analise com isenção os fatos perceberá que a motivação da direita em representar contra Sarney – por pecados reais ou fabricados, repito – se orienta não por uma saudável busca da moralidade. Perceberá que os motivos são exclusivamente politiqueiros, em certa medida golpistas.

Se a motivação fosse de caráter ético, com o intuito de passar a limpo o senado – o que mereceria de todos nós aplausos – como explicar a reação diante de uma ação movida pelo PMDB que nada faz do que relatar fatos já assumidos na tribuna do senado pelo denunciado?
Se forem irrelevantes o conselho de ética certamente recomendará o arquivamento da ação. Se assim não agir ficará evidente a parcialidade e caberá ao judiciário a mediação final para reparar eventuais desvios ou perseguições.

Doravante a direita perde o discurso de que deseja sanear o Senado – que piada – salvo se fizer uma manobra radical e entregar alguns dos seus ao cadafalso. Se não fizer estará desmoralizada e então entrará em “xeque-mate”, situação em que um contendedor não tem mais margem alguma para se movimentar.

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