Cultura Viva conhecer, defender e diferenciar

Uma jornada rumo à democratização cultural e à inclusão de vozes historicamente silenciadas na construção de uma sociedade mais justa

Fotos: Cobertura colaborativa/IberCultura Viva

É necessário desromantizar o conceito de cultura como sendo algo necessariamente positivo. A cultura precisa ser percebida como processo permanente de  produção e reprodução material e imaterial,  permeada de conflitos, narrativas e ideologias, predominantemente alinhada aos interesses da classe economicamente  dominante. 

O que nos colocar diante de um contexto de entendimento que cultura também não é algo homogêneo, imparcial e alheia a dimensão da alienação,  violência,  individualização, competição, mercantilização e fragmentação da vida e da luta pela pela construção um novo tipo de sociedade.  No campo da luta  por políticas públicas para cultura no Brasil se faz necessário conhecer a trajetória, o caráter e a perspectiva perculiar e revolucionária do Cultura Viva. 

Nascido em 2004, no Governo Lula, o Cultura Viva, ficou conhecido pela dimensão dos Pontos de Cultura. Fruto da luta organizada dos movimentos sociais das culturas, o programa se tornar política de estado em 2014. O Cultura Viva, ainda é uma experiência jovem que  vem se consolidando, enquanto,  conceito e movimento latino-americano das culturas com perspectiva de emancipação humana, de superação das relações de exploração e opressão. 

O nascimento do Cultura Viva no Brasil corresponde a uma ruptura de concepção das políticas públicas para a cultura,  no sentido de reconhecer, incluir e potencializar as experiências desenvolvidas pela pluralidade e diversidade dos grupos identitários, étnicos, setoriais,  linguagens artísticas e expressões culturais. Ao mesmo tempo que representa no país, a redescoberta do Brasil de baixo para cima, sinaliza também a descentralização de recursos públicos,  ampliação das luta por direitos sociais,   participação no planejamento das políticas públicas, aproximação das vozes e o favorecimento da articulação em rede dos movimentos sociais das culturas. 

A Política Nacional do Cultura Viva e as  reverberações nos estados e municípios devem ser estruturadas,  defendidas e aperfeiçoadas como a principal  política de Estado para a promoção da cidadania cultural pelo seu caráter inclusivo, transversal e demarcatório de uma nova cultura política para o bem viver. 

Faz-se necessário a defesa e a popularização do conceito  do Cultura Viva,  ao mesmo tempo,  o enfrentamento as  compreensões de que tudo pode ser Cultura Viva, ou aínda e mais perigoso, a  negação do Cultura Viva,  usando a expressão  do momento o seu  “cancelamento”, o  que se liga em alguns momentos às  concepções políticas identitárias que tem provocado o isolamento,  fragmentação política e a  exclusão do recorte da classe como elemento para análise da  realidade. 

Reafirmar o Cultura Viva é incluir os grupos,  identidades e vozes  historicamente silenciadas,  descartadas e combatidas nas paisagens das políticas públicas para o cultura do Brasil, é optar pela democratização cultural como política de estado. O Cultura Viva, enquanto,  movimento político se alinha  a luta política da classe trabalhadora,  por emancipação humana,  por conseguinte pela superação das relações de exploração e opressão. 

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