De olho em Copenhague
Nos próximos 15 dias o mundo estará de olho em Copenhague. Talvez a expectativa seja maior do os resultados práticos que sairão da COP 15, mas isso não importa. O que conta é que o mundo vai se dando conta de que, efetivamente, estamos chegando ao limite.
Publicado 07/12/2009 20:51
Quanto aos resultados a expectativa já foi maior e menor em relação ao que se pode esperar da conferência do clima.
Quando os Estados Unidos – responsáveis por algo como 50% da poluição do planeta – afirmou que não se comprometeria com qualquer meta específica a frustração sem dúvida foi enorme. Muitos chegaram a anunciar que não havia mais sentido no encontro de Copenhague.
As ponderações não eram exageradas. Afinal, os EUA não apenas são o maior poluidor como até o presente não se assinou o protocolo de Kyoto pelo qual os países industrializados se comprometeram com metas de redução de CO2 tendo por base a emissão de 1990. Se na COP 15 adotasse a mesma postura de pouco adiantaria o esforço dos demais países, especialmente os de baixa emissão de gases poluentes, como é o caso do Brasil.
O Brasil, como se sabe, não tem obrigação legal pelo protocolo de Kyoto com qualquer meta de redução de CO2. Mas, ao se comprometer espontaneamente com uma redução superior a 30% de sua emissão, acabou pressionando moralmente os Estados Unidos e a própria China a se comprometerem com metas de redução.
É claro que a meta de 17% anunciada pelos Estados Unidos é fictícia, na medida em que adota como base 2005 e não 1990 como estabelece o protocolo de Kyoto. Nem por isso deixa de ser uma vitória dos que efetivamente defendem o “desenvolvimento sustentado”. Se antes o maior poluidor sequer endossava os acordos internacionais e hoje se vê moralmente obrigado a estabelecer metas de redução isso, sem dúvidas, representa uma vitória da COP 15 e da postura firme adotada pelo governo do presidente Lula.
A segunda grande vitória da COP 15, de acordo com os nossos interesses, é fazer com o mundo perceba de forma cada vez mais explícita que os responsáveis pela poluição ambiental são os países industrializados, notadamente os EUA, e não as “queimadas” amazônicas como durante anos ativistas de direita, financiados pela CIA, tentaram fazer o mundo acreditar.
Isso não significa que passemos a fazer apologia ao desmatamento. As queimadas amazônicas devem ser evitadas, tanto pelo impacto que provocam – mesmo que secundário se comparado aos países industrializados – como pelo comprometimento da biodiversidade.
Mas é muito importante que fique claro que em matéria de poluição ambiental nós somos vítimas e não algozes, como o imperialismo sempre alardeou.