Desfazendo uma confusão

Uma confusão se alastra pela mídia e contamina até mesmo alguns vitoriosos nas últimas eleições. Dizem o seguinte: a crise de 2009 foi externa à economia brasileira, passageira e foi enfrentada com medidas excepcionais, que não são recomendadas de maneira permanente.

Para eles, agora, a bateria de instrumentos e procedimentos posta em funcionamento contra a crise, por sua excepcionalidade, perdeu a validade. Devemos voltar às recomendações dos que, lá fora, produziram a crise e aqui dentro se desorientaram e foram vacilantes em seu enfrentamento.

As declarações recentes do reconduzido ministro Mantega (que, faça-se justiça, desempenhou um papel positivo contra a crise), do deputado Vaccarezza e os procedimentos da Receita Federal encarnam muito bem a confusão que mencionei porque repudiam agora aquilo que nos garantiu vitória contra a crise.

Para Mantega, o salário mínimo não deve passar de R$ 540, os gastos públicos e o índice de inflação devem ser “controlados”; para Vaccarezza, além destas restrições, devemos fazer já as reformas sindical, trabalhista e previdenciária com ajustes “para baixo”; para a Receita, não se deve corrigir a tabela do imposto de renda para 2011, mantendo-se inalteradas as alíquotas.

É preciso dar um chega para lá neste pessoal (o que já aconteceu com o Vaccarezza) e afirmar, em alto e bom som, que a continuidade do crescimento, o combate à miséria e a distribuição de renda exigem a efetivação de políticas públicas e gastos estatais, o reajuste forte do salário mínimo e das aposentadorias em geral e a correção da tabela do imposto de renda.

Estas medidas que foram estratégicas para o enfrentamento e superação da crise continuam válidas para manter a estabilidade e o crescimento da economia e são reivindicadas pelas forças sociais e políticas, entre elas o movimento sindical, que garantiram a vitória da presidente Dilma e são atacadas pelos adversários dela, pelos vacilantes e pelos interesseiros do mercado.

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