Dois campos distintos

A dialética nos ensina que a natureza, assim como a sociedade, se transforma e evolui permanentemente. As mudanças, no fundamental, têm caráter progressista.

Mas a dialética também ensina que o novo nega o velho e o velho nega o novo, sugerindo que as “velhas idéias” não aceitam passivamente a vitória das “novas idéias”. De forma explícita ou implícita o entrechoque prossegue por um longo período.



 


É nesse contexto que se insere a derrota dos neoliberais e a conseqüente vitória da esquerda no Brasil – o que de resto vem se expressando em toda a América do Sul – bem como na ofensiva que eles movem para inviabilizar o governo Lula e sua eventual reeleição. Recorrem a qualquer mecanismo para viabilizar esse objetivo.



 


No Brasil essa disputa se dá entre as “velhas idéias” neoliberais – privatizações, FMI, Alca, submissão aos EUA, desmonte do estado nacional, supressão de direitos sociais – representadas pelo PSDB/PFL e as “novas idéias” representadas pelo governo Lula, que interrompeu parcialmente esta receita neoliberal. São dois campos distintos.


 


Essa polarização radicalizada cria uma situação extremamente embaraçosa para determinados partidos situados no espectro ideológico de centro-esquerda, como PSOL, PDT, PPS e PV, por exemplo.


 


O embaraço, que pode avançar para constrangimento, decorre do fato de que esses grupamentos apresentam uma série de críticas – justas ou não – ao governo Lula, mas, ao mesmo tempo, agem politicamente sob a orientação do PSDB/PFL.


 


O PPS, por exemplo, se coligou informalmente com o PSDB/PFL, tanto a nível nacional, como em vários estados; o PDT só ve defeitos no governo LULA e o PSOL acaba de anunciar uma publicação de 4 milhões de exemplares com duras críticas ao governo Lula. Nenhuma palavra contra aqueles que desmontaram o país e podem voltar para completar o serviço.


 


Ingenuidade ou quinta coluna? Cada um tire as suas próprias conclusões.
As críticas ao governo Lula são compreensíveis. Nós também as temos feito. Mas, ao se aliarem ao PSDB/PFL, eles revelam que combatem à “nova idéia” não para colocar no seu lugar uma “nova idéia” mais avançada, mas sim para retornar às “velhas idéias”, o que, francamente, é de elevado conteúdo reacionário.

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