Dois toques sobre o movimento comunista: internacionalismo e ideologia

É sempre ilustrativo comentar sobre temas da atualidade internacional, principalmente quando envolvem a atuação dos partidos comunistas e operários.

1 – O Movimento Comunista Internacional é sempre desafiado pelos problemas da conjuntura política, cada vez mais agudos, no quadro de uma brutal ofensiva das potências imperialistas, nomeadamente os Estados Unidos e a União Europeia contra os direitos dos trabalhadores e dos povos.

Oportunamente, realizou-se no Chipre, durante o último fim de semana, nos dias 21 e 22 de junho, a reunião do Grupo de Trabalho do Encontro Internacional dos Partidos Comunistas e Operários. Como se sabe, este Encontro ocorre anualmente, tendo sido sediado no Brasil em 2008. Agora, por deliberação do último Encontro realizado em novembro de 2013 em Lisboa, ratificada pelo Grupo de Trabalho, o evento volta a ser sediado na América Latina, no Equador, país onde está em curso um importante processo de transformações democráticas e sociais, de caráter patriótico, designado pelo presidente Rafael Correa e os partidos políticos que lhe dão sustentação de Revolução Cidadã.

Uma vez mais, o Movimento Comunista Internacional terá como pauta de seus debates o papel dos partidos comunistas e operários na luta contra o sistema imperialista e a exploração capitalista, compreendidos como a causa fundamental das crises econômica, política, alimentar, ambiental, energética com que se defronta a humanidade em nossos dias.

São alvissareiras as informações que recebemos do Chipre, dando conta da unidade de ação dos partidos comunistas integrantes do Grupo de Trabalho – o PCdoB é um deles – em torno dos complexos conflitos políticos no Oriente Médio e na Ucrânia, e a atitude solidária desses partidos com as forças progressistas e anti-imperialistas que atuam nesse cenário. Em especial, deve-se mencionar a irrestrita solidariedade aos comunistas ucranianos sobre cujo partido pesa a ameaça de repressão e expulsão dos marcos da atuação legal por parte das autoridades ucranianas.

2- Mais complexa e exigente ainda afigura-se o empenho dos comunistas na batalha das ideias, na luta ideológica. Artigo publicado no sítio www.marx21.it, traduzido para o Português e editado pelo Blog da Resistência informa-nos sobre a importância que a atual liderança chinesa atribui à luta em defesa do ideal comunista e do caráter revolucionário do Partido.

Imerso em grande batalha pelo desenvolvimento das forças produtivas, pelo progresso econômico e social em meio a contradições e problemas complexos, os comunistas chineses demonstram elevado interesse no estudo das causas que levaram, no início dos anos 1990, ao desaparecimento do Partido Comunista da União Soviética e à liquidação do socialismo onde a revolução havia triunfado mais de sete décadas antes.

No debate, os camaradas chineses se perguntam: Para que servem 85 milhões de filiados ao Partido Comunista Chinês (PCC) se cada membro do partido não “crê verdadeiramente na ideologia comunista”. Com isso, repõem no centro das suas inquietações a coesão ideológica, o enfrentamento dos fatores de degenerescência do partido comunista e o combate às manifestações da ideologia burguesa.

Igualmente, vem à tela de juízo a importante questão da relação dialética entre quantidade e qualidade. Um partido comunista, no poder ou fora dele, com funções de governo ou não, precisa ser cada vez mais um partido político influente e poderoso, com força eleitoral, iniciativa política e capacidade de mobilização e união das massas trabalhadoras e populares. Deve necessariamente ser uma organização numerosa, com milhares e milhares de aderentes e militantes.

O aspecto quantitativo, se não for combinado com o qualitativo, com um consistente empenho para a formação de quadros e a elevação da consciência política e ideológica dos militantes e dirigentes, não será capaz de enfrentar o desafio de jogar um papel político e eleitoral decisivo. Um partido comunista que abandona ou relega a plano secundário a luta ideológica está fadado ao fracasso.

A ideologia comunista é o pressuposto que informa a elaboração estratégica e tática. Somente imbuído desta ideologia, o partido comunista poderá obter êxitos políticos consistentes e duradouros.

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