Dom Aécio Neves e os três palácios

Pensávamos que a monarquia brasileira tivesse encerrado o seu ciclo histórico com a Proclamação da República em 1889. Que o último rei, ou monarca, ou príncipe, ficaria nas páginas da história com Dom Pedro II e a família imperial portuguesa. Entretanto,

A princesa Andréia Neves é a responsável pelas ordens de serviços que envolvem as diretrizes do poder imperial. É a princesa que determina quais matérias jornalísticas devem ser estampadas nos principais jornais do Estado e quais jornalistas serão mantidos ou cassados nos veículos de comunicação local. É dela, também, a responsabilidade de distribuir cargos estratégicos do governo, governar o estado na ausência quase que permanente do príncipe, fazer as políticas sociais como se fosse a primeira dama, e ficar permanentemente com os olhos e ouvidos abertos para proteger os entes da família real contra qualquer intriga, principalmente o príncipe.


 


 


A princesa sabe que o príncipe é do tipo namorador, muito afeito às festas de arromba, principalmente as que acontecem todas as semanas no principado do Rio de Janeiro, lugar onde o príncipe viveu toda a sua vida e continua a freqüentar assiduamente. Mas, a irmã princesa tem preocupações maiores com as possíveis amizades e armadilhas que possam levar o príncipe a envolver com “surucumbaco” não permitido pelas leis vigentes no reinado.


 


 


O chefe de ordens, o Conde Anastasia, é, na prática, quem comanda as finanças do Estado monarca mineiro. A administração financeira contempla choques de gestão, leis delegadas e acordos de bastidores para favorecer os mais abastados da sociedade, principalmente as mineradoras. Estão também sob a sua responsabilidade os cortes orçamentários em pesquisas, saúde, educação, segurança pública. O modelo perseguido pelo jovem conde é ortodoxo e liberal, tudo a mando da banca nacional e internacional. Por outro lado o conde investe somas absurdas em propaganda e publicidade para induzir a plebe à apatia, transformando-a em um turbilhão acrítico e inofensivo.


 


 


O príncipe regente Aécio Neves anda solto pelas diversas províncias do reino. Ultimamente ele fica atrás de festas, jantares, carnavais, shows de Rock’ n Rool, namoradas e polêmicas públicas, tudo para mantê-lo em evidência no noticiário local e nacional. O príncipe, desde outubro último, pensa somente na possibilidade de assumir a coroa imperial, mudar para Brasília e freqüentar os suntuosos palácios brasilianos, todos projetados pelo magnífico arquiteto, Oscar Niemayer, um dos maiores da nossa história. O príncipe, ao que tudo indica, é alucinado por palácios, porém, sempre perseguindo o poder. Deixando transparecer em alguns momentos e para outros menos avisados, que seu objetivo principal em conquistar Brasília não é de natureza política, mas sim palaciano.


 


 


Porém, tudo isto é pura bobagem, pois o objetivo principal do jovem príncipe é assumir o reino unido do Brasil, governar para latifundiários, banqueiros, industriais e de quebra fazer o serviço de colônia dependente, tão pretendido pela camarilha do norte.


 



Nesta semana, o príncipe, a princesa e o conde deram um importante passo rumo ao sonho de conquistar Brasília. Sentados em torno de uma mesa no Palácio das Mangabeiras ou no Palácio da Liberdade, o trio anunciou o lançamento de mais um Palácio nos arredores de Belo Horizonte. O Palácio do Jóquei Clube será projetado pelo arquiteto Oscar Niemayer e concentrará toda a corte palaciana no mesmo espaço físico.


 



A pergunta que fica é: por que mais um Palácio?


 


Por que é uma necessidade inadiável?


 


Por que os cofres públicos estão abarrotados de dinheiro?


 


Por que a população já está contemplada com suas necessidades básicas?


 


Por que o funcionalismo estadual está recebendo grandes quantias de salários e bem atendidos pela atual administração?


 


Por que apenas dois palácios são insuficientes para a grandeza da família imperial?


 


Por que o novo palácio vai trazer melhores condições de vida para a população?


 


Não, eu digo não, meus caros plebeus!


 


É verdade que a obra trará alguns empregos para os trabalhadores da construção civil. Vai também valorizar uma imensa área semi-urbana que deve estar na mão de uma dúzia de especuladores. Vai também favorecer uma comparação descabida entre o atual príncipe e um governo, muito amado pelo povo mineiro, o presidente JK, que governou o Brasil no final dos anos cinquenta.


 


Entretanto, tudo o que fora apresentado é marketing puro, pois o fundamental da obra é o seu simbolismo e seu valor, orçada em quinhentos milhões de reais. O que importa para os objetivos é a pretensa modernidade administrativa e o número de construtoras e empreiteiras envolvidas no processo construtivo. Sabe-se por estas bandas, que uma obra desta magnitude pode originar “dividendos” extraordinários para os seus executores. Isto equivale a dizer que o príncipe Aécio Neves poderá partir para a empreitada eleitoral, recheado de bons e fortes motivos.


 


Por isto devemos estimular a reação severa e militante dos milhões de mineiros que são vítimas desta farsa.


 


A palavra de ordem neste momento é lutar pela inversão de prioridades. Ao contrário de um novo palácio exigiremos 30 mil moradias populares ou 5 hospitais de última geração ou 150 escolas públicas ou milhares de assentamentos de famílias para a reforma agrária ou milhares de quilômetros de estrada ou dezenas de estações de metrô ou então um pouco de cada uma destas prioridades.


 


Minas não pode continuar a ser enganada. Minas não precisa de mais palácios. Minas quer democracia, liberdade e justiça social.

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