Dossiê: que dossiê?
Nos últimos dias a direita brasileira, especialmente PSDB e PFL, tem adotado uma postura que beira a raia do grotesco. A partir de matérias divulgadas pelos seus próprios instrumentos de comunicação, como a revista Veja – que sempre foi extremamente corda
Publicado 02/04/2008 19:26
Escolher a ministra como alvo preferencial de seus ataques não é fortuito. Como se sabe, a chefe da casa civil desponta como uma das presidenciáveis da longa lista de que Lula dispõe para a disputa de sua própria sucessão.
A tática da direita, portanto, visa a um só tempo manter o governo sob ataque e envolto numa agenda negativa. Na defensiva, apesar de todos os índices econômicos e sociais favoráveis. Ademais, a direita precisa, desesperadamente, diminuir os elevados índices de aprovação que o governo e o presidente Lula ostentam a cada nova pesquisa de opinião.
É uma tática repetitiva, cínica, grotesca e preconceituosa, com reduzidíssima absorção pelo conjunto da população. A razão do destaque e do “alarido” que é dado à essas opiniões, fica por conta do conteúdo ideológico que esses instrumentos de dominação da classe dominante ainda cumprem numa determinada parcela da sociedade brasileira, especialmente a chamada “classe média”.
Mas se a tática é repetitiva, sem novidades, o inusitado fica por conta da classificação de “dossiê” a um mero procedimento burocrático. Como é sabido, os “dossiês” são peças montadas, a partir de dados verdadeiros ou falsos, geralmente elaborados por calhordas, com o objetivo de denegrir a imagem de adversários.
Um órgão público, quando copila dados de servidores públicos presentes ou do passado, não está fazendo um “dossiê” no sentido específico da palavra. Está fazendo uma mera compilação de dados que, aliás, deveria ser atualizado e disponibilizado a todos quantos tenham interesse de manejá-los.
A não ser que se apresentem dados mais específicos, não vejo como se pode chamar de “dossiê” e muito menos instrumento de chantagem, a mera compilação dos gastos efetuados pelo Sr. Fernando Henrique Cardoso, com cartão corporativo, quando de sua estada na presidência da república, salvo se esses gastos não foram “republicanos”.
Tudo indica que o nervosismo da direita sugere, como se diz no dito popular, que “o feitiço virou contra o feiticeiro”.