Duas greves

Relato de duas greves dos metalúrgicos da Renault no Paraná, destacando a luta contra demissões em 2020 e a atual paralisação de 2024 por melhores condições de trabalho e salários.

Foto: Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba

Em julho de 2020, em plena pandemia, os metalúrgicos da montadora Renault, no Paraná, cruzaram os braços. Durante os 21 dias de greve e dos acampamentos das famílias dos metalúrgicos, todos se insurgiram contra a demissão de 747 trabalhadores, pretendida e anunciada pela empresa.

Com a direção do sindicato dos metalúrgicos da Grande Curitiba, unida e sempre ao lado dos trabalhadores e de suas famílias, a empresa foi derrotada em sua truculência, as demissões foram anuladas, a greve encerrada e negociações foram efetivadas.

A “greve do 747”, o recuo da empresa e a inteligente e ampla atuação sindical ficaram como marcos na história das lutas dos trabalhadores; transformaram-se em ícones.

Agora, pela segunda vez em quatro anos, a totalidade dos trabalhadores metalúrgicos da Renault entraram em greve desde o dia 7. Organizados pelo sindicato recusaram uma proposta patronal de reajuste de salários, PLRs e demais benefícios sem ganho real e denunciaram as precárias condições de trabalho e de saúde e segurança vigentes na empresa.

A paralisação total, com os trabalhadores em casa, garantida pela intransigente unanimidade deles e confirmada em assembleias presenciais e virtuais (uma das quais aprovou a solidariedade dos empregados às vítimas gaúchas da enchente) sofre a pressão da empresa que não quer negociar e do Judiciário que tem tomado medidas contra os trabalhadores e contra o sindicato, até mesmo com multas. Mas, conta com a solidariedade do movimento sindical, expressa pela nota das centrais.

A própria mídia grande, sobre a qual caiu uma cortina de silêncio orquestrada pela empresa, não noticiou nem comentou o fato de que uma das maiores montadoras no Brasil está parada e somente agora começou a noticiar interrupções de trabalho em outras montadoras devido à falta de autopeças não produzidas no Rio Grande do Sul.

Embora o quadro conjuntural seja diferente daquele de 2020, duas coisas permanecem invariáveis: a determinação dos trabalhadores e a condução coerente do sindicato, que busca uma solução favorável.

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