É preciso enfrentar o machismo!

A primeira coisa que precisa mudar é a mentalidade dos homens que têm padrão de comportamento violento em relação às mulheres com quem convivem

Capa do jornal "Meia Hora", do Rio de Janeiro (20/03/2024)

De que adianta “homenagear” as mulheres no 8 de março com flores e chocolates se o mês nem acabou e o Brasil continua a viver uma explosão de feminicídio e violência doméstica, como temos visto cotidianamente?

O tempo não está para festas nem para mensagens melosas, embaladas em laço de fita cor de rosa. Não podemos também aceitar apenas mais lamentos e notas de solidariedade em meio a tantos casos bárbaros contra as mulheres.

O combate exige uma urgente mudança de postura e comportamento da sociedade como um todo, que precisa começar pelo enfrentamento à cultura do machismo. A primeira coisa que precisa mudar é a mentalidade dos homens que têm padrão de comportamento violento em relação às mulheres com quem convivem.

Não ser machista, não agredir a companheira, não assediar mulheres na rua ou as colegas de trabalho ainda é pouco. Se um homem conta uma piada machista no zap e outros dez homens não falam nada, então há 11 machistas no grupo. São coisas que precisam ser rejeitadas, não apenas por meio de palavras, mas por meio de atitudes, pois é assim que se enfrenta as raízes da violência.

De acordo com as estatísticas, a cada oito horas uma mulher é vítima de violência no país. No ano passado, o Brasil registrou 1.463 feminicídios, alta de 1,6% em relação a 2022. O assassinato de mulheres, porém, é apenas o topo de uma montanha de violações, que inclui ameaças, agressões, torturas, insultos e assédios. E o cenário ao redor é de imensas desigualdades entre os gêneros.

Dentre os muitos indicadores, devemos lembrar que as mulheres brasileiras, em média, recebem salários 78% menores do que os homens para desempenhar a mesma função. Elas também estão sub-representadas da política, pois embora sejam mais da metade do total de eleitores, ocupam menos de 20% dos cargos eletivos. As mulheres também assumem a maior parte das responsabilidades da casa e dos cuidados com filhos e idosos, o que cria obstáculos para que possam crescer em suas carreiras.

Ter consciência não basta, é preciso denunciar o machismo de outros homens, sobretudo daqueles que agridem mulheres, além de abrir espaço para que as mulheres possam crescer e ocupar cada vez mais espaços. Estamos juntos com elas em sua longa caminhada por respeito e igualdade.

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