E se Lula fosse técnico do Vasco?

Mesmo quem não entende bulhufas de futebol deve conhecer a má fase que abate o glorioso Vasco da Gama. Sucessivas más administrações deixaram um triste legado de derrotas, dentro e fora de campo, aos seus torcedores.

Imaginemos, entretanto, a possibilidade de um novo técnico assumir o time atual (hoje rebaixado para a segunda divisão) com uma série de problemas e limitações incapazes até de fazer Nelson Rodrigues suplantar o “complexo de vira-latas” de uma torcida que não consegue enxergar uma luz no fim do túnel e, como num passe de mágica, fizesse o time voltar à sua trajetória de glórias e vitórias. Seria uma extraordinária façanha.

Pois bem, Lula fez isso não com um time de futebol, mas com um país. Estávamos na décima segunda posição do ranking mundial das economias e hoje estamos em sétimo. Conseguimos aumentar em trinta milhões a torcida de brasileiros que não mais fazem figa diariamente para comer três vezes ao dia. Levantamos vários canecos e prêmios educacionais pela Unesco, desenvolvimento agrário pela FAO e Direitos Humanos pela ONU, entre outros. Voltamos à primeira divisão da política internacional e somos cabeças-de-chave em vários grupos de países em alianças econômicas estratégicas.

E há uma grande ressalva a ser feita. Essas conquistas foram alcançadas após literalmente termos sido rebaixados várias vezes e com muita gente torcendo contra.

Mesmo assim, em pouco tempo, botamos para escanteio o neoliberalismo escancarado e colocamos na marca da cal um projeto nacional de desenvolvimento, ainda a ser chutado para o gol.

Tudo isso foi um feito admirável. Mas para setores da torcida ingrata, mesmo com as limitações de uma regra eleitoral restritiva e regida pela força do capital, juízes apitando contra e um campeonato em que a maior parte dos jogos é na casa do adversário, nada do que foi feito era além da obrigação.

E há ainda outros setores dessa torcida coxinha que reclamam por termos vencido apenas campeonatos regionais e nacionais, sendo que algumas outras agremiações disputam títulos internacionais.

Devagar com o andor que o santo é de barro. Ainda vivemos sob as amarras do capitalismo. Termos chegado aonde chegamos, em tão pouco tempo, em termos futebolísticos seria como Vasco em 2016 voltar à primeira divisão e ainda beliscar o título estadual e a Copa do Brasil, garantindo retorno à Libertadores da América, por exemplo.

Mas se no final de 2016 a torcida vascaína reivindicar que o Vasco dispute de igual para igual com Real Madrid, Bayern de Munique ou Barcelona, deverá cobrar não do técnico ou do presidente do clube, mas promover uma mudança radical nas regras do jogo.

Na política isso seria o mesmo que abolir o capitalismo e sua corrente econômica predominante, o liberalismo. Enquanto isso não acontece, é bom termos claro as limitações de nosso elenco e comemorarmos, e muito, por estarmos na primeira divisão e com os salários dos jogadores em dia, enquanto o resto do mundo despenca pelas tabelas.

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