Em que se votou?

Com o fracasso da revolução de 1905, na Rússia, o movimento revolucionário passou a ser duramente perseguido. O império czarista passou a caçar os comunistas impiedosamente. Prisões, deportações e execuções viraram rotina.

Eram momentos de extrema dificuldade. Além da repressão policial, o partido bolchevique sofria pesadas baixas. Intelectuais que tinham acorrido ao partido na expectativa de uma vitória fácil da revolução debandavam diante das dificuldades.


 


Lênin, após analisar essa situação de descenso, concluiu que o ensinamento mais importante dessa revolução era ter compreendido como se processava a luta de classes e como se comportava os combatentes na adversidade.



Destacou a clareza e a firmeza com que o proletariado enfrentava os problemas.



Guardada as devidas proporções, dentre elas a de que não vivemos um período revolucionário, a ferocidade com que a direita ataca o governo Lula dar bem a dimensão de como é atual a luta de classes. De como agem as distintas classes e grupos sociais nas disputas políticas.


 


No mundo, o movimento popular vive um relativo descenso. O neoliberalismo, mesmo derrotado em vários países, ainda detém a ofensiva política. Sua derrota definitiva depende do sucesso de governos que resistam ao seu receituário.


 


É nesse contexto que se insere o governo Lula. Com erros e defeitos, inclusive de ordem moral, as privatizações foram paralisadas, o país deixou de ser monitorado pelo FMI, a Alca saiu de pauta e os investimentos sociais aumentaram.


 


Assim, quem sabota o governo Lula ajuda o neoliberalismo. Os que fazem isso por opção ideológica, apenas defendem os interesses de sua classe. Mas há os que se impressionam pelo furor midiático e, tal qual os intelectuais russos, debandam. Já adotaram esse mesmo comportamento em relação a Getulio Vargas, Juscelino e Jango. Não compreendem a essência da disputa e a direita agradece.


 


Felizmente a maioria do povo não se impressiona nem com o show da mídia e tampouco com o falso moralismo da direita e, por isso, Lula venceu. Venceu, portanto, a resistência ao neoliberalismo. Venceu a expectativa de que, finalmente, o povo vai experimentar um surto de crescimento e distribuição de renda.


O povo votou nisso. É bom que se tenha bem claro.

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