Enfrentar a crise sem perder dedos e anéis

A crise se instala no coração de Wall Street no fim dos nefastos mandatos de George W. Bush. Enquanto os manda-chuvas e o povo norte-americano ainda vacilam entre dois candidatos à sucessão presidencial (com vantagens e desvantagens simétricas entre ser novidade ou não e ser confiável ou não) a crise esteriliza trilhões de dólares virtuais consumidos na fogueira de contensão. Depois das eleições que ocorrerão no dia 4 de novembro o novo “gestor” enfrentará, aí sim, a mordida do dragão na economia real: empregos, produção, salários, nível de vida das pessoas e todo o resto. Os Estados Unidos tudo farão para repartirem entre os povos do mundo os prejuízos e se recuperarem à custa dos outros, como sempre fizeram ao longo da história.

Aqui no Brasil existem as condições, se tivermos juízo e unidade, para enfrentar a crise e minorar seus efeitos daninhos.

É preciso garantir o produtivismo, abaixando os juros, carreando recursos para a agricultura e a exportação e proteger os ganhos sociais. Nada é mais deletério do que o discurso lamuriento e histérico que desvia a atenção do que deve ser feito e procura criar um sentimento oposicionista, ranheta e irresponsável.

Alguns setores do patronato, por exemplo, precisam abandonar a tentativa de criar empecilhos nas campanhas salariais em curso e reconhecerem- pagando- as justas necessidades dos trabalhadores, sejam bancários, sejam metalúrgicos ou quaisquer outras categorias em luta.

Chegou a hora, com responsabilidade, em que as direções das centrais sindicais unidas apresentem aos trabalhadores seu diagnóstico da crise e a maneira efetiva de enfrentá-la sem perder os dedos e os anéis.