Entrevista exclusiva sobre a crise

Consegui uma entrevista exclusiva com um velho sagaz. Reproduzo-a, para vocês, exatamente com as respostas que ele deu às minhas perguntas.

Pergunta: O mundo vive em pânico com a crise financeira. Como tudo começou?


 


Resposta: Este é o “maravilhoso” encadeamento dos créditos. O capital dos bancos abrange dinheiro e títulos, entre estes as hipotecas. O depositante imagina que seu depósito está efetivamente nas mãos do banqueiro e não desconfia que ele o entregue à disposição de um corretor sobre cujas operações, nem ele, nem o banqueiro têm o menor controle.


 


 


P: O que está em jogo?


 


R: O grande especulador arrisca a propriedade social e não a sua e exige justamente que outros poupem para ele. O próprio luxo se converte em meio de crédito. Quando a crise irrompe a questão se limita a meios de pagamento. Mas, uma vez que cada um depende de outro para receber e ninguém sabe se o outro é capaz de pagar no devido vencimento, surge a terrível luta para conquistar os meios de pagamento existentes no mercado.


 


 


P: Quase ninguém consegue entender a gangorra da crise. Por quê?


 


R: No capital produtor de juros, a relação capitalista atinge a forma mais coisificada, mais fetichista. O capital aparece como fonte misteriosa, autogeradora do juro, aumentando a si mesmo. Um conhecido meu falava que “tudo que facilita os negócios, facilita a especulação” e o resultado final é que nos períodos de prosperidade acresce a massa dos meios de circulação que serve para o dispêndio da renda. No período de crise temos o inverso.


 


 


P: É o cassino global?


 


R: Ganhar e perder por meio das oscilações desses títulos são, cada vez mais, o resultado de especulação, de jogo. Esta riqueza financeira imaginária constitui parte considerável da fortuna monetária dos particulares e também do capital dos banqueiros.


 


 


P: O cassino é igual em todo o mundo?


 


R: Se o desenvolvimento do sistema de crédito é diferente exige-se quantidade maior de meios de circulação em um país que em outro; na Inglaterra, por exemplo, mais que na Escócia e na Alemanha mais que na Inglaterra. Em seu país, não sei.


 


Eu juro, sobre o terceiro livro de O Capital, que todas as respostas acima estão conformes as palavras vetustas de Karl Marx, exceto as da frase final.

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