Faço meus roteiros na cabeça

“O que me fez filmar foi a convivência com cineastas e o gosto pelo cinema.”

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Algum estilo se sobressai entre os filmes que você dirigiu?

Meu cinema não é fundamental em minha vida. Meus filmes eram coisa eventuais. Eles fazem parte da minha biografia, mas busco ser mais lembrado pelo jornalismo. Profissionalmente, sou um jornalista. O que me fez filmar foi a convivência com cineastas e o gosto pelo cinema.

Você tem roteiros de filmes que ainda não foram filmados?

Sou glauberiano, não aceito fazer roteiros. Faço meus roteiros na cabeça. Não preciso escrever. Meus filmes eram de acaso.

Qual é a diferença entre o papel da crítica de cinema hoje  e na sua época?

Nenhuma. A essência não se modifica. O papel é o mesmo, mas ele muda muito de pessoa para pessoa. Cada pessoa tem uma maneira de exercer o seu papel e de se realizar. Nelson Pereira dos Santos, Glauber Rocha e Godard consideram que a pessoa que faz crítica de cinema está fazendo cinema. A forma de fazer a crítica é muito ligada a toda a estrutura do cinema. 

O momento atual do cinema pernambucano pode ser considerado um “movimento”?

Você precisa da sua terra para fazer sua arte. Eu esculhambo o Recife, mas a gente precisa do Recife. Não tenho acompanhado tudo do cinema pernambucano atual, mas gostei de Cinema, aspirina e urubus, de Marcelo Gomes, O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, e gostei muito de Árido Movie, de Lírio Ferreira. Há um interesse coletivo e as pessoas são muito ligadas aqui em Pernambuco. Acho que o Cinema Novo ainda influencia, talvez por causa do meu trabalho e do trabalho de Fernando Spencer. A gente contribuiu para a formação desse pessoal.

É verdade que Caetano Veloso e Gilberto Gil se hospedavam na sua casa em Olinda?

Não. Ficamos amigos porque eu era jornalista. Fui entrevistar Caetano e convidei Jomard Muniz de Britto, que era amigo dele, para ir junto. Aí fiquei amigo. Ele almoçou um dia aqui. Batíamos papo e fazíamos passeios por Olinda, na década de 1970. Uma vez ele veio com Gil, Rita Lee e os rapazes do Mutantes.

(Entrevista no Diário de Pernambuco http://www.impresso.diariodepernambuco.com.br/noticia/cadernos/viver/2014/04/saga-de-um-transformador.html)

O papel da crítica em vídeo 

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