Falcões podem vencer em Israel
O título tem tudo a ver com o conteúdo de uma matéria. O correto seria um título assim: “Direta vencerá eleições em Israel”. Mas, como existe sempre uma margem de esperança e as pesquisas de tendência de voto trabalham com margens de erro, preferi usar o
Publicado 05/02/2009 18:59
Eleições sem novidades
Aproximam-se as eleições em Israel, marcadas para 10 de fevereiro próximo, semana que vem. Vimos falando desse assunto desde o ano passado, quando a ministra Tzipi Livni tentou, sem sucesso, formar um novo governo, depois da renúncia do atual primeiro Ministro Ehud Olmert.
Existem hoje em Israel três grandes partidos e dois ou três de médio porte e outros três ou quatro micro e pequenos partidos. O parlamento israelense tem 120 cadeiras e quem fizer sozinho ou em aliança 61 vagas, formará o novo governo.
A palavra “falcão” e “pombo”, sempre foi usada pelos estudiosos do conflito palestino-israelense para definir os mais agressivos e direitistas, os “falcões”, e os mais moderados, defensores do diálogo e da paz, os chamados “pombos”.
Há um judeu, jornalista e intelectual, ao qual venho acompanhando seus artigos no Haaretz, um dos maiores jornais de Israel, a qual prezo muito pela sua coragem. Hoje eu diria, com base em pesquisas de opinião, que 90% dos israelenses apoiaram e continuam apoiando os ataques e os massacres contra os palestinos da Faixa de Gaza. Tais pessoas, sob influência do pensamento direitista e fascista, parte do princípio que as armas, os ataques, os massacres, surtirão melhores efeitos do que o diálogo, a paz justa, a diplomacia. Ledo engano.
Esse intelectual chama-se Gideon Levy (a aproveito para registrar outros judeus de quem leio e admiro os escritos, como Illan Pape, Ury Avnery, Norman Finkelstein, Ghershon Knispel, Nataniel Braia entre outros). Vive sob pressão violenta de seus colegas. Não foi ainda demitido do jornal, mas vem sendo ameaçado, todos os chamam de traidor da pátria (sic). Mas, mesmo sendo minoria, ele esta absolutamente certo. Esta entre os que defendem o diálogo foi contra os ataques e apoiou um cessar fogo justo, com fim do bloqueio à Gaza. Esta isolado, mas esta correto. Nem sempre a “voz do povo é a voz de deus”. É um típico exemplo de “pomba” nesse cenário tumultuado. Poderá ser “comido” pelos falcões.
O maior líder desses “falcões” hoje é Bibi, ou Benjamin Netanyahu, homem de extrema direita, defensor da solução “final” contra os palestinos, dos massacres e do genocídio, do bombardeio constante. Ele sempre falou e agora na campanha fala bem alto para todos ouvirem, que Ariel Sharon errou ao sair de Gaza sem ter exterminado antes do grupo Hamas. Fala isso abertamente. E tem muitos adeptos.
As pesquisas em Israel, pelo fatos das eleições serem do tipo distrital, majoritárias, são de mais fácil mensuração em termos de pesquisa. Mesmo dentro de margens seguras, ao que tudo indica, a coalizão de extrema direita, liderada pelo Likud de Bibi, obterá até 67 cadeiras nas eleições, muito além das 61 vagas necessárias para formar governo.
Centro e Esquerda
Mas, onde estão os partidos mais moderados e centristas e mesmo os de centro-esquerda? O “bicho comeu”! Desapareceram quase que por completo. Não há mais diferença entre a extrema direita e a direita moderada, o centro e a dita centro-esquerda, no caso representada pelos Trabalhistas. O Kadima, fundado a partir de um racha do Likud, considerado de centro ou centro-direita, tem o mesmo discurso do Likud. Defendem abertamente as agressões, o não diálogo com o Hamas e mesmo a sua eliminação total e completa. Apoiaram o massacre.
A ministra Tzipi Livni, que nesta coluna comentamos sobre sua atuação de alguns meses, hoje é das que mais defendem os ataques. Num eleitorado radicalizado, clamando por segurança, ela entende que ganha pontos assumindo os mesmos discursos de seu concorrente, o Likud, de onde o seu partido nasceu. É dela frase do tipo “precisamos aplicar muita força”; “não há razão para esperar, temos que agir já”. Ela vem afirmando inclusive que maximizará a colonização da Cisjordânia a que “não aceitaria um único refugiado palestino de volta à Israel”. O mais moderado de todos, Ehud Barak, trabalhista, ministro da educação, ainda que tenha apoiado os ataques, defende certa moderação. Eu disse “certa” moderação. Mas também não fala em paz e sua linguagem é a da força.
Ainda sobre o balanço dos ataques
Israel cessou os ataques, declarando um cessar fogo unilateral, às vésperas da posse do presidente Obama, em 18 de janeiro, sábado. Bombardeou Gaza de forma incessante por 22 dias seguidos. Além dos mais de 1,3 mil mortos, dos mais de cinco mil feridos, mais da metade ficarão com sequelas o resto da vida.
No entanto, aqui já dissemos. O Hamas cantaria vitória qualquer que fosse o desfecho dos ataques. Mas, hoje, o Hamas canta vitória e com toda a razão. Muitos analistas consideram que Israel saiu, mais uma vez, derrotada. E isso é mensurado por pesquisas confiáveis realizadas em Israel, onde exatamente metade dos eleitores acham que não se chegou a uma vitória, nem militar nem política. O principal, para essa parcela do eleitorado, teria sido libertar o soldado Gilad Shalit.
Os jornais desses últimos dias dão conta que o Hamas voltou a lançar seus foguetes e morteiros contra Israel, em números diários maiores do que às vésperas dos ataques em 27 de dezembro quando começaram os ataques. Ou seja, o tal objetivo militar de destruir o Hamas ou mesmo desarmar o grupo, sequer foi atingido.
Então porque Israel canta vitória? Isso é discurso que vem sendo feito para seu público interno, visando as eleições. Como diz Jerold Kessel, seja quem for o vitorioso nas eleições, Bibi venceu as eleições, pois a sua agenda e as suas propostas é que serão consagrados nas urnas. Ou seja, ganhará o “diálogo” de surdos, da “conversa” da bala e do canhão.
Os discursos vindos de Israel tem ficado mais agressivos nos últimos dias. O primeiro ministro renunciante e processado por corrupção chega a falar em uma “reação completamente desproporcional”, como se deixasse no ar a ameaça de jogar em Gaza um pequeno artefato nuclear que faria essa região evaporar, matando todos os palestinos.
E o pior de tudo isso. Os meios de comunicação de massa (enganação de massa na verdade) continuam taxando os palestinos que resistem de “terroristas”. Parecem que querem que os palestinos sejam boas vítimas, morram calados, sofram quietos, que não resistam e não lutem pelas suas terras. Não conseguirão esse intento jamais. Um povo não abdica de lutar.
James Petras
Conheci James Petras em cuba, onde lá estive com ele diversas vezes e posteriormente na Venezuela. É meu colega sociólogo, intelectual vigoroso, engajado, apoiador das lutas populares, com vários livros publicados. Leio seus trabalhos sempre que posso. Chamou-me a atenção um recente onde ele comento a vergonhosa postura dos intelectuais ditos progressistas.
Isso tem uma relação que observei nos últimos 40 dias, desde o início dos ataques de Israel aos palestinos. Mesmo a manifestação que organizamos em são Paulo, que deve ter atingido em seu pico sete mil pessoas, foi bem inferior ás duas que ajudamos a organizar em fevereiro e março de 2003, antes da segunda invasão e ataque ao Iraque pelos EUA. Levamos àquela época pelo menos 30 mil pessoas ás ruas. Porque essa diferença?
Petras levanta uma hipótese. De que os intelectuais ditos progressistas e de “esquerda”, estão com uma postura muito ruim. Se por um lado são solidários aos palestinos que vivem sob ataques, por outro discordam que os palestinos tenham direito a resistir a esses ataques. Tais intelectuais preferiram engajar-se na campanha de Barak Obama de corpo e alma, sem levar em conta as profundas ligações com o sionismo que o Partido Democrata (e o Republicano), possuem com essa corrente política de opinião na comunidade judaica e seu poder de lobbie.
Petras menciona a existência de pelo menos 52 organizações sionistas mais importantes nos Estados Unidos com milhares de outros grupo de afiliados, que contariam com mais de um milhão de membros. O colega sociólogo critica a aliança “obamista”, que envolveu “militaristas humanitários” da era Clinton, fanáticos sionistas multimilionários, impotentes sindicalistas burocratizados e políticos arrivistas. São esses os termos que ele usa.
Tais intelectuais, quando muito se apiedam das vítimas palestinas, mas negam-lhes apoio para que resistam aos ataques, que reajam às agressões. É como se fosse uma política de dois pesos e duas medidas. Apoiaram Obama sob o argumento de que ele seria um “mal menor”, mas recusam-se a apoiar a luta do povo palestino em defesa de suas terras tomadas e roubadas. É como se rechaçassem com o mesmo vigor os ataques do exército colonizador de Israel quanto a resistência antiimperialistas. Ou seja, essa suposta neutralidade de fachada, só serve aos agressores. O exemplo que Petras nos dá vem também o Afeganistão. Os mesmo intelectuais que condenaram os Talibãs por estes terem destruídos monumentos culturais de seu país, agora apóiam um governo que vai dobrar os 30 mil soldados americanos estacionados nesse país que massacram o povo afegão.
A propósito, todos se lembram do excelente filme de Giles Pontecorvo, chamado de “A Batalha de Argel”, de 1967. Trata da luta de libertação da Argélia da dominação francesa. O astuto articulista Thaif Deen, nos relembra a passagem em que um insurgente argelino algemado é apresentado a jornalistas que lhe indagam se ele não se sentia um covarde as usar bolsas de mulheres e sacolas para carregar suas bombas e artefatos explosivos que matavam pessoas inocentes em cafés e clubes. Vejam a astuta resposta que Bem M’Hidi – era esse o seu nome, deu aos repórteres: “E não lhe parece ainda mais covarde lançar bombas de napalm em aldeias desarmadas sobre milhares de civis inocentes? Claro, se tivesses seus aviões de guerra seria muito mais fácil. Deem-nos suas bombas e podem ficar com nossas sacolas”.
Podemos usar esse episódio, verídico inclusive, para comparar com a atual realidade. Condenam-se os palestinos do movimento de resistência com seus foguetes caseiros e nada se fala contra os mais modernos aviões do mundo que jogam todos os tipos de bombas sobre casas de famílias, matado milhares de inocentes. São, de fato, dois pesos e duas medidas. Até quando?
Recebi o texto abaixo e compartilho com os meus leitores semanais. Não veio registrado a autoria mas numa leitura atenta que fiz comprovo a veracidade de todos os dados aqui contidos:
Você sabia?
• Que a Palestina é um país de 27000 Km2 de extensão e se localizado no Oriente Médio;
• Que Jesus Cristo nasceu na Palestina;
• Que em 1947 a Organização da Nações Unidas – ONU impôs a divisão do território da Palestina para a criação do Estado sionista de “Israel”;
• Que divisão da Palestina foi legitimada através da Resolução nº 181 da ONU – que designa 56% do território para a criação do Estado sionista de “Israel”, 43% do território restante para a permanência do Estado da Palestina e 1% para a Cidade de Jerusalém que ficou com status de internacional;
• Que a criação do Estado sionista de “Israel” é fruto da pressão do Sionismo (Movimento Político Judaico) e do Imperialismo;
• Que em 1948 o então criado Estado sionista de “Israel” não respeita os limites de terras designado pela ONU e amplia seu território para 78% roubando mais terras da Palestina;
• Que em 1967, através da Guerra dos 6 dias, o Estado sionista de “Israel” passa a ocupar 100% do Solo Pátrio da Palestina;
• Você sabia que existe o Povo Palestino? A população total de palestinos é de 11,2 milhões! E que eles não tem uma Pátria, pois seu país foi roubado pelo Estado sionista de “Israel”;
• Que restou apenas dois territórios dentro da Palestina para os palestinos viverem;
• Que estes territórios são Gaza (onde residem 1,5 milhões de Palestinos em 365 Km2) e Cisjordânia (onde residem 2,5 milhões em 5.990 Km2, e 1,2 milhões em territórios palestinos ocupados em 1948;
• Que estes 5, 2 milhões de palestinos resistem em viver no seu Solo Pátrio, de forma subumana, desprovidos de direitos básicos como: água, alimentos, hospitais, transportes, escolas, empregos e o direito mais elementar: o de ir e vir. E você sabe como vivem os outros 6 milhões de palestinos? Vivem como refugiados, em outros países, sonhando com o dia de retornar para a Palestina Livre;
• Que a Palestina não tem autonomia, independência, governo, terras, enfim, que a Palestina não é um país e não é uma nação;
• Que Cisjordânia e Gaza são considerados territórios ocupados pelo Estado sionista de “Israel” e não são considerados o Estado da Palestina;
• Que nestes territórios o Exército sionista de “Israel” controla os palestinos através de centenas de Postos de Revistas. São postos de checagem (checkpoint) solicitando documentação, aplicando interrogatórios aos Palestinos, todos os dias;
• Que o Estado sionista de “Israel” construiu um muro de 790 km de extensão, com 8 metros de altura, serpenteando Gaza e Cisjordânia para isolar os palestinos, impedindo o acesso ao Estado sionista de “Israel”;
• Que o Estado sionista de “Israel” aprisiona 12 mil presos políticos palestinos, em situações precárias, em cárceres deteriorados;
• Que em 27 de dezembro de 2008 o Exército Sionista de Israel atacou Gaza, bombardeando violentamente o território palestino, com a desculpa de retaliar o movimento político Hamas;
• Que o Exército Sionista de Israel é o 4º exército mais forte, poderoso e moderno do mundo;
• Que em 22 dias de ataques aéreos e terrestres o que aconteceu foi uma matança. Foram ações de extermínios, de limpeza étnica sobre o povo palestino que reside em Gaza. Foram 1300 mortos, 5300 feridos, 5000 casas destruídas, 41 Mesquitas explodidas, 5 cemitérios bombardeados, 16 prédios públicos, escolas da ONU e hospitais totalmente destruídos. São 80 mil pessoas desabrigadas;
• Que segundo a ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha a reconstrução da região atacada levará anos para ser concluída.