FMLN: Nasce a esperança! Vem a mudança!

“Um acontecimento histórico está se gestando em El Salvador. Pela primeira vez um governo do país especialmente dedicado aos setores populares é possível em 2009. Até agora, governos subordinados a interesses de pequenos grupos têm mostrado sua incapacida

A eleição presidencial em El Salvador está marcada para o dia 15 de março de 2009. Até lá muita coisa pode acontecer. Mas uma coisa é certa: a histórica Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN) tem grandes chances de vencer essa batalha eleitoral.


 


 


A vitória do efemelenista Mauricio Funes Cartagena, que lidera as pesquisas, representará outra grande derrota do imperialismo estadunidense, justamente numa das porções de terra que mais sorveu sangue de inocentes por metro quadrado em todo o continente (por isso mesmo seria uma perda ainda mais simbólica para o Tio Sam). O mesmo sangue que continua a jorrar no Iraque e no Afeganistão, o sangue de miseráveis migrantes salvadorenhos arregimentados pelos Estados Unidos como bucha de canhão nas guerras de Bush.


 


 


A FMLN é a esperança da mudança para os salvadorenhos e demais irmãos dos países centro-americanos que vivenciam um momento político ímpar, de avanço das forças populares, democráticas e revolucionárias. A vizinha Nicarágua é um exemplo marcante disso, com a Frente Sandinista para a Libertação Nacional (FSLN) que por tantas vezes marchou junto com a FMLN pegando nas mesmas armas para expulsar os ianques (inimigos da humanidade, no lindo hino da FSLN (2)) e agora na presidência do país com Daniel Ortega. Outros países da região também inclinam à esquerda. Nos idos de 1985, com a vitória de Violeta Chamorro na Nicarágua, quem imaginaria que já em 2008 o cenário político já seria tão alvissareiro como esse?


 


 


Isso tudo é fruto de um processo histórico. De uma longa jornada de lutas que só de 1979 a 1992 (durante a guerra civil patrocinada pelos EUA) ceifou a vida de quase cem mil salvadorenhos.


 


 


Durante quarenta anos (1930 a 1970) o Partido Comunista de El Salvador (PCS) foi a única organização de esquerda no país. A partir de 1970 foram fundadas outras organizações como as Forças Populares de Libertação Farabundo Martí (FPL), o Partido da Revolução Salvadorenha (PRS), a Resistência Nacional (RN) e o Partido dos Trabalhadores Centroamericanos (PRTC). Após algumas tentativas, sobretudo depois do sucesso da Revolução Popular Sandinista na Nicarágua em 19 de julho de 1979, forçou-se a unificação imediata da esquerda salvadorenha em torno da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional, criada em 10 de outubro de 1980 (tomando seu nome do fundador do antigo Partido Comunista de El Salvador) e que precedeu ao lançamento da Ofensiva Geral de 10 de janeiro de 1981 que deu início à Guerra Popular Revolucionária propriamente dita.


 


 


O aprofundamento da guerra, a crescente intervenção do governo dos Estados Unidos na região e o novo impulso da luta social foram fatores objetivos que pressionaram o avance do processo unitário.


 


 


Depois de um longo tempo de guerra revolucionária, a tarefa de forjar um novo partido não foi fácil. Foi necessário superar o muro do terror levantado por mais de sessenta anos de repressão e as artimanhas da direita que obstaculizavam toda e qualquer tentativa de legalização da FMLN como partido político, o que só veio a ocorrer no acordo de paz de 16 de janeiro de 1992. Em poucos meses a FMLN se converteu organicamente no segundo partido político mais importante do país.
 
 


 


Hoje a FMLN tem reais condições de chegar ao poder através do voto. Mas não será uma tarefa simples. Com mais de 2,5 milhões de cidadão salvadorenhos vivendo nos EUA (numa população total inferior a sete milhões) o espectro da potência do norte ronda o país e é tema sensível.


 


 


Tanto é assim que imediatamente após a divulgação da vitória de Barack Obama, Mauricio Funes se pronunciou publicamente dizendo as seguintes palavras: “Se o povo salvadorenho me acompanha e Deus o permite, ao chegar na presidência de meu país trabalharei estreitamente com o governo dos Estados Unidos para melhorar a situação migratória de nossos compatriotas residentes dessa grande nação…” “..É minha intenção promover um Programa de Reunificação Familiar que facilite, dentro dos marcos das legislações vigentes, o reencontro entre os residentes nos EUA e suas famílias que vivem em nosso país” (3), disse.
 
 


 


Essa é a dinâmica a qual mesmo a combativa FMLN precisa levar em consideração. O acúmulo estratégico de forças não permite enfrentamentos diretos.


 


 


Também a direita salvadorenha já começa a se articular para impedir sua derrota. Na semana passada, por ocasião da 18° Cúpula Ibero-americana, a mídia tradicional de El Salvador tentou associar a presença de Hugo Chávez com a FMLN como uma ameaça à segurança nacional, explorando o trauma da população em relação à guerra civil vivida pelo país(4).
 
 


Mas como bem expressa o título do Programa de Governo da FMLN, começa a nascer a esperança e a mudança certamente virá. O sofrido povo de El Salvador agitará ainda mais a onda mudancista que revolta o mar da América Latina e irromperá irremediavelmente na praia da burguesia subalterna. O tsunami final ainda virá!


 


Notas:



(1) Trecho introdutório do Programa de Governo (Nace La Esperanza, Viene El Cambio) do candidato presidencial de El Salvador pela histórica Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN), Mauricio Funes Cartagena.


 



(2) Refere-se ao trecho do magnífico Hino da Unidade Sandinista, de Carlos Mejía Godoy, cujo trecho “luchamos contra el yankee, enemigos de la humanidad”, embala revolucionários de todos os cantos.


 



(3) “Mauricio Funes felicita a Obama y afirma que vientos de cambio soplan desde Estados Unidos”. In: sítio da FMLN: (http://www.fmln.org.sv/detalle.php?action=fullnews&id=122).


 



(4) Presidenciável da FMLN salvadorenha explica “Caso Chávez”. In Vermelho: (http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=45917).

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