Governo de Unidade Nacional na Palestina

Após muitas negociações, idas-e-vindas, foi anunciado na semana passada o novo governo de unidade nacional dos Palestinos. O governo anterior possuía 25 ministros única e exclusivamente do Partido que venceu as eleições legislativas de janeiro de 2006, qu

Após boicotes de boa parte do mundo, tendo a frente os EUA e a Europa seguindo atrás, somadas as pressões para que o governo do Hamas se desfizesse, os palestinos acabaram chegando num acordo político para a construção de um governo de Unidade Nacional, uma espécie de coligação, nos moldes da que o presidente Lula tem tentado fazer por aqui, mas com mais partidos que lá.


 


 
Os dois maiores blocos políticos são, inegavelmente, o Hamas, que tem maioria no parlamento e o Fatah, em segundo lugar. Depois disso, vem a frente Popular. Um ou outro são tidos como independentes, mais técnicos, possuidores de notório saber ora jurídico, ora médico e mesmo de engenharia. Claro que todos provados na luta e que sofreram algum tipo de perseguição no passado, algum transtorno em suas vidas pregressas.


 


 
A questão central é o reconhecimento de Israel, que o Hamas, a despeito de todas as pressões, segue não reconhecendo. Seu grande líder, Khaled Meshal, que mora em Damasco no exílio, da ala mais radical, ainda dá as cartas e não cedeu. No entanto, o mais importante é que os conflitos entre os dois grupos cessaram e a unidade política foi restabelecida.


 


 
Ao todos são 25 novos ministros, dos quais 13 possuem doutorado. A idade média desses ministros é de 48 anos, portanto, todos nascidos depois do Plano de Partilha ocorrido há 60 anos. São pessoas provadas na luta, nascidos muitas vezes em campos de refugiados políticos ou mesmo no exterior, no exílio para onde tiveram que imigrar com suas famílias. Publicamos a seguir, como fizemos de outras vezes, um breve currículo de cada novo ministro, incluindo as suas indicações, se pelo Hamas, que terá maioria, se do Fatah, do presidente Mahmoud Abbas ou se independente ou “técnico”.


 



Quem são os novos membros do governo de Unidade Nacional da Palestina


 



1. Ismail Hanyeh – Primeiro Ministro (Hamas) – Nasceu em 1962, no Campo de Refugiados de Shati. Sua família é proveniente de Asquelon, território que Israel ocupou em 1948. É atualmente o principal líder do Hamas, de sua ala moderada. É formado em Literatura árabe pela Universidade Islâmica de Gaza. Israel já tentou matá-lo em 2002, lançando um míssil contra o local onde estava matando dezenas de vítimas inocentes. Seguirá à frente do ministério, como Primeiro Ministro.


 



2. Azzam al Ahmad – Vice-Primeiro Ministro (Fatah) – Nasceu na cidade palestina de Jenin em 1947. Foi ministro das Telecomunicações da ANP. É formado em economia pela Universidade de Bagdá, quando então presidiu a GUPS entre 1971 e 1974 (General Union Palestin Students, ou União Geral dos Estudantes Palestinos, a UNE Palestina). Chegou a ser embaixador palestino no Iraque entre 1979 a 1994. É membro do Conselho revolucionário da Fatah, assim como membro de seu Conselho Legislativo, onde desempenhou o papel de porta voz do Bloco Legislativo da Fatah.


 



3. Dr. Salam Fayyad – Ministro das Finanças (Terceira Vía) – Nasceu na aldeia de Dayr Ghassoun no ano de 1952, tendo estudado na Universidade Americana de Beirute, no Líbano. Obteve o mestrado e doutorado em economia na Universidade de Austin, no Texas, EUA. Foi economista do Banco Mundial e representante palestino no FMI. Já exerceu a função de ministro das Finanças da ANP. Mantém um bom diálogo com os americanos.


 



4. Dr. Ziad Abu Amer – Ministro das Relações Exteriores (Independente) – Nasceu na cidade de Gaza, no ano de 1950. Estudou literatura e língua inglesa na Universidade de Damasco, na Síria. Obteve seu mestrado e doutorado na Universidade de Georgetown, nos EUA. Foi professor de Ciências Política na Universidade palestina de Bir Zeit e é um especialista no fundamentalismo islâmico. Foi eleito deputado no Primeiro Conselho Legislativo Palestino de 1996, assim como exerceu a função de ministro da Cultura em 2003. Também tem muitos canais abertos com os EUA e pertence a uma série de organizações da sociedade civil, tais como MIFTAH e Conselho Palestino para as Relações Internacionais.


 



5. Hani Talab al Qawasmi – Ministro do Interior (Independente) – Nasceu na cidade de Gaza, ainda que sua família seja originária de Hebron. Formou-se em contabilidade pela Universidade do Cairo, no Egito. Seu pai foi um dos fundadores da OLP na década de 1960. Ele se define como um muçulmano religioso, próximo tanto do Hamas como do Fatah.


 


 



6. Dr. Nasser Edwin Al-Sha'er – Ministro da Educação (Independente pró-Hamas) – Nasceu na cidade de Nablus, no ano de 1961. Possui doutorado em Estudos do Oriente Médio pela Universidade de Manchester na Inglaterra. Já trabalhou como pesquisador sobre temas como Religião e Democracia em Nova York. Voltou à Palestina para assumir a posição de Decano em estudos Islâmicos na Universidade de Al Najah, em Nablus. Apesar de suas principais pesquisas serem na área de religiosidade, possui estudos também de gênero, globalização e direitos humanos.


 



7. Dr. Mustafa Bargouthi – Ministro da informação (Iniciativa Nacional Palestina) – Nasceu em 1954. Foi formado politicamente dentro do PC Palestino, que se chama hoje de Partido do Povo. É doutor em medicina. Tem mestrado em administração e formou-se em filosofia na Universidade de Moscou. Junto com Edward Said, morto em 2002, um dos mais renomados intelectuais palestinos, e mais Ibrahim Abu Lugod, fundaram a Al Mudabara, que se destaca como uma alternativa laica tanto ao Hamas como ao Fatah. Fez parte da equipe de negociadores palestinos na Conferência de Madrid, mas renunciou logo em seguida em protestos contra os acordos de Oslo. Possui vários prêmios internacionais, onde se destaca o concedido pela OMS pela sua defesa em prol dos direitos humanos dos palestinos contra a discriminação por parte de Israel.


 



8. Bassam Al-Salhi – Ministro de cultura (Partido do Povo) – Nasceu em 1950, no campo de refugiados de Al Amari, em Ramallah, Cisjordânia. Tem mestrado em Estudos Internacionais na Universidade de Bir Zeit. É secretário-geral do Partido do Povo (ex-PC Palestino). É membro do Comando Unificado da Primeira Intifada. Foi membro da delegação palestina na Corte Internacional de Justiça, quando do julgamento consultivo que foi declarado a ilegalidade da construção do Muro do apartheid Palestino que Israel vem construindo.


 


9. Radwan Al-Akhras – Ministro da Saúde (Fatah) – É médico e membro do Primeiro Conselho Legislativo Palestino.


 


10. Dr. Sa'di Al Krunz – Ministro dos Transportes (Fatah) – Nasceu na cidade de Al Burayj, em 1958, integrante de uma família refugiado de Faluja, ao sul da Palestina. É formado em matemática pela Universidade de Al Mansura no Egito. Obteve seu mestrado e doutorado pela Universidade de Purdue, no Canadá. É Decano no Departamento de Matemática e Estatística da Universidade de Al Azhar, em Gaza.


 


11. Mahmoud Al-Aloul – Ministro do Trabalho (Fatah) – Nasceu em Nablus em 1950. É formado em Geografia pela Universidade Árabe de Beirute. Fez parte da ala militar da Fatah, chegando a ser próximo de Khalil Al Wazir, conhecido como Abu Jihad, uma espécie de número 2 da organização, depois de Yasser Arafat, que foi assassinado em Túnis em 1988 (tive a oportunidade de conhecer Abu Jihad no Congresso Palestino em SP em 1984). Atualmente é governador de Nablus.


 


12. Saleh Zeidan – Ministro dos Assuntos Sociais (Frente Democrático para a Libertação da Palestina) – Nasceu no Líbano em 1949, como refugiado palestino da aldeia de Al Damoun, no Norte da Palestina ocupada desde 1948. É professor e tem sido membro do CNP desde 1977, assim como membro do comitê Central da OLP desde 1991. Foi comandante militar durante a Guerra do Líbano, incluindo a defesa do campo de refugiados de Tel Al Zatar, que sofreu um massacre em 1976. Atualmente é membro do CC da FDLP. Vive na Faixa de Gaza desde 1996.


 


13. Taysir Abu Sneineh – Ministro dos Assuntos dos Prisioneiros (Fatah) – Nasceu em Hebron e é um dos líderes da Fatah na região.


 


14 – Dr. Samir Abu Eisheh – Ministro do Planejamento (Hamas) – Tem 46 anos e obteve seu doutorado em Planejamento Urbano na Universidade da Pensilvânia, nos EUA. Foi professor visitante nas Universidades de Washington e do Texas, assim como a de Brunswick, na Alemanha e Lille, na frança. Publicou mais de 60 trabalhos sobre planejamento urbano.


 


15. Mohamed Bargouthi – Ministro do Governo Local (Hamas) – É um dos sobreviventes do gabinete anterior, que foi inclusive seqüestrado por Israel em 2006.


 


16. Dr. Ziad Al-Thatha – Ministro da economia (Hamas) – Tem 51 anos e fez doutorado em engenharia civil na Universidade do Cairo, Egito. Trabalha para a UNRWA, órgão das Nações Unidas para refugiados, exercendo a função de engenheiro. É presidente do Colégio de Engenheiros de Gaza.


 


17. Dr. Basem Naim – Ministro da Juventude e Esportes (Hamas) – É medico e fez doutorado em medicina na Alemanha. Trabalha no hospital Al Shifa, na Faixa de Gaza. É líder da Frente Médica do Hamas.


 


18. Dr. Yousef al-Mansi – Ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação (Hamas) – Nasceu na Faixa de Gaza em 1953. Possui doutorado em arquitetura e urbanismo pela Universidade de Al Azhar, no Cairo, Egito, a Universidade mais antiga do mundo, do século 11.


 


19. Dr. Mohamed Al-Agha – Ministro da Agricultura (Hamas) – Nasceu em Khan Yunes em 1959. É professor na Universidade Islâmica de Gaza desde 2005. Tem doutorado em Ciências pela Universidade de Manchester, na Inglaterra. Possui mais de 40 trabalhos publicados sobre meio ambiente e água em uma série de periódicos ocidentais. Tem sido professor visitante de várias universidades européias e Estados Unidos, onde se destacam a de Manchester, na Inglaterra, a de Bremen, na Alemanha e a de Virgínia, nos EUA.


 


20. Drª Khouloud D'eibes – Ministra do Turismo (Independiente) – Nascida em 1965, estudou engenharia na Universidade de Bir Zeit. Fez mestrado e doutorado na Universidade de Hannover. Foi diretora do Projeto de Preservação Cultural de Belém 2000, preparando a cidade para a recepção dos peregrinos nos dois mil anos do nascimento de Cristo.


 


21. Dr. Samih Al-Abed – Ministro de Obras Públicas (Fatah) – Nasceu em Al Bireh em 1947. Tem mestrado e doutorado em Desenvolvimento e Planejamento regional nos Estados Unidos. Foi chefe do Departamento de Arquitetura da Universidade de Bir Zeit, assim como membro da equipe de negociadores palestinos que discutiu o estatuto final dos acordos de Oslo.


 


22. Dr. Ali Sartawi – Ministro da Justiça (Hamas) – Nasceu na aldeia de Sarta em 1967. Fez doutorado em Direito e é decano da faculdade de Direito da Universidade de Al Najah, em Nablus. É especialista em legislação islâmica e em sistemas bancários.


 


23. Dr. Hussein Tartouri – Ministro dos Assuntos religiosos (Hamas) – Nasceu em 1954. Tem doutorado em estudos islâmicos pela Universidade de Al Qura em Meca, na Arábia Saudita.


 


24. Amal Syam – Ministra dos Assuntos da Mulher (Hamas) – Nasceu na faixa de Gaza em 1962. Ela havia vivido na cidade de Belém por 25 anos. É esposa do xeque Ghassan Hirmas, principal figura do Hamas na cidade. Tem mestrado em Estudos Islâmicos pela Universidade de Al Quds, em Jerusalém, sendo professora nessa mesma Universidade.


 


25. Wasi Qabha – Ministro de Estado sem Pasta (Hamas) – Foi ministro de Assuntos dos Prisioneiros durante o governo anterior.


 


 A esse time de homens e mulheres, preparados política e tecnicamente, que tem a responsabilidade de conduzir o bem estar de um povo que vive sob a opressão e sob os tacões militares de soldados israelenses, é que desejamos que façam um governo e que possam cumprir o programa estabelecido de comum acordo entre as duas partes, o Hamas, que ainda terá maioria no parlamento e no governo, e o Fatah, que tem a presidência da ANP.


 


A primeira Coluna há cinco anos


 


Este Portal Vermelho é o maior e melhor site de política da Internet. E não falo isso porque sou seu colunista, com muito orgulho há cinco, como uma espécie de setorista exclusivo sobre Oriente Médio. Quem diz isso é o site IBest!, que faz todos os anos uma espécie de premiação, conhecido como o “Oscar da Internet”. O Vermelho já recebeu vários prêmios, incluindo o de melhor página de política da Internet, superando concorrentes de peso como o site do PT, da revista Caros Amigos e o Carta Maior, entre outros.


 


 Bem, esta semana, em que o PCdoB completa 85 anos, seguindo como o partido político mais antigo com vida continuada no Brasil, comemoramos também, desde o dia 25 de março passado, aniversário do Partido, os cinco anos de Portal. A minha coluna, cuja data de publicação escolhida foi a de quinta-feira, teve a sua primeira edição publicada no dia 28 de março de 2002. Nesses cinco anos, escrevi, com a edição desta semana, 241 colunas. Desse trabalho, renderam dois livros, em co-autoria com o camarada José Reinaldo Carvalho. Tenho mais dois prontos, faltando apenas revisá-los, quando e se encontrar tempo para isso, em meio a tantas lutas que participo, especialmente pela volta da Sociologia no Ensino Médio. Trata-se de um livro sobre a ocupação do Iraque, cujo título provisório é “Diário da Guerra: Crônicas de uma Ocupação”, onde trato do conflito no Iraque e outro, também com título provisório é “Reflexões sobre o Conflito Palestino”, onde trato do assunto, que foi tema da minha primeira coluna e venho atualizando toda semana. Aos meus leitores assíduos, o meu agradecimento pela permanência e fidelidade. Publico a seguir a edição nº 1 da coluna em 2002, até para vermos que os mesmos problemas permanecem e alguns até se agravaram. A paz continua distante, como dizia eu há cinco anos.


 


Acirra-se o conflito israelo-palestino


 


Não se via desde a Guerra dos Seis Dias de 1967, tamanha violência na ocupação das terras palestinas por parte do exército israelense. Rompendo todos os acordos de paz estabelecidos até o momento, em especial os que decorrem do Acordo de Oslo de 1993, o atual primeiro ministro de Israel, Ariel Sharon, vem implementando com total apoio dos EUA na gestão Bush, a reocupação dos territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, na Palestina.


 


 A Intifada palestina – levante popular contra a ocupação – voltou a ocorrer a partir de setembro do ano passado, por uma provocação realizada pelo próprio Sharon, que insistiu em visitar o local sagrado dos muçulmanos, denominado Esplanada das Mesquitas, onde se encontra o Domo da rocha, terceiro local de maior peregrinação dos adeptos da religião do Islã, De lá para cá, até o último dia 25 de março, haviam morrido nos conflitos 1.101 palestinos e 357 israelenses. Em outras palavras, uma luta desigual: para cada dez mortos no conflito, oito são palestinos e apenas dois israelenses. São pedras e fundas contra tanques, aviões sofisticados e metralhadoras.


 


 A exceção do Egito e da Jordânia, únicos países árabes entre os 22 existentes, que reconhecem o Estado de Israel, todos os outros se encontram o que tecnicamente se pode chamar de “estado de guerra” contra Israel. Em especial o Líbano e a Síria, que ainda hoje possuem territórios ocupados pelas forças armadas israelenses.


 


A paz proposta pela família Ibn Saud


 


A Arábia Saudita sempre se caracterizou como um país de sustentação à política americana na região do Oriente Médio. Em especial desde a Guerra do Golfo, em janeiro de 1991, quando os EUA bombardearam o Iraque, esse país foi praticamente ocupado pelo exército americano. Tornou-se uma espécie de campo de pouso das aeronaves da USAF, que recentemente também servirão para o massacre do povo afegão.


 


 No entanto, desde o início de março, o príncipe herdeiro do trono saudita – entre mais de dois mil príncipes existentes no país – Abdullah bin Abdel Aziz, apresentou ao mundo uma proposta de paz que se caracteriza basicamente por dois pontos: 1. desocupação por parte de Israel de todas as terras palestinas e árabes ocupadas, respeitando-se as fronteiras de 1967 e 2. direito ao retorno de todos os palestinos refugiados desde 1948 (Resolução 194 da ONE). Em troca disso, a Arábia Saudita propõe que todos os países árabes reatem as “relações normais” com Israel.


 


 Essa proposta foi veiculada ao mundo e ganhou certa simpatia da maioria dos países do G-7 e até mesmo dos EUA, que se declararam favoráveis à mesma. Há empecilhos entre os próprio líderes árabes, ainda não totalmente explicitados. Reflexos disso é a própria cúpula da Liga Árabe, iniciada nesta quarta-feira, dia 27 de março em Beirute, onde 11 dos 22 chefes de Estado deixaram de comparecer, em especial Hosni Mubarak, do Egito e o Rei Abdullah 2º, da Jordânia.


 


 O próprio Yasser Arafat, presidente da autoridade Nacional Palestina – ANP, deixou de comparecer por medidas de segurança, pois Israel não lhe garantiria o retorno à Ramallah, na Cisjordânia, sede do governo palestino. Também o primeiro ministro do Líbano, Emile Lahud, recusou-se a transmitir por teleconferência o pronunciamento de Arafat aos participantes da Cúpula Árabe.


 


 Apesar desses desencontros, a Cúpula deve emitir um comunicado conjunto que contará com o apoio de todos e provavelmente a proposta saudita poderá ser aprovada e encaminhada ao Conselho de Segurança da ONU para posterior referendo. O próprio secretário-geral da ONU, Kofi Annan, estará presente à Cúpula Árabe em Beirute.


 


Intelectuais apóiam os palestinos


 


Em visita ocorrida nos escritórios da ANP em Ramallah no último dia 25 de março, Cisjordânia, uma delegação de intelectuais Parlamento Internacional de Escritores, encabeçada pelos prêmios Nobel de literatura, José Saramago e Wole Soyinka, prestou sua irrestrita solidariedade aos palestinos e às suas lutas. Estes escritores foram recebidos pelo poeta palestino Mahmoud Darwish. Esteve presente ainda o diretor de cinema americano, Oliver Stone.


 


 A polêmica maior dessa visita acabou ficando por conta de uma declaração – justa por sinal – de Saramago, comparando a repressão que Israel promove nos territórios ocupadas com a que os nazistas fizeram com os judeus na II Guerra Mundial. Isso repercutiu no governo israelense, que nestes casos, sempre compara as pessoas que dizem isso de “anti-semitas”. Na verdade, não há outra forma de comparação. A barbárie perpetrada, os massacres dos palestinos, é mesmo de tamanha truculência, que devem ser repudiados por todos os democratas de todo o mundo.


 


Paz, um horizonte ainda distante


 


Particularmente depois de 11 de setembro do ano passado, com episódios das Torres de Nova York, o endurecimento político tem sido grande em todo o mundo. A palavra mais ouvida tem sido “caça aos terroristas”. Todos os que não pensam como os EUA podem ser classificados como terroristas. As restrições aos direitos e as liberdades civis nos EUA já são flagrantes.


 


 Esse clima, permitiu que o governo fascista de Israel, de Ariel Sharon, endurecesse ainda mais com os palestinos, ocupassem as terras devolvidas pelos acordos de Oslo e se intensificassem as mortes e os massacres. Os prédios do governo palestinos vêm sendo bombardeado sem tréguas pela força aérea israelense. E não há sinais de que venha a ocorrer um acordo em curto prazo.


 


 Os falcões israelenses estão soltos e querem sangue palestino e árabe. Mesmo com a opinião pública israelense crescentemente condenando os massacres ainda assim, os conflitos devem se acirrar. Enquanto a liderança do Estado sionista de Israel não se der conta de que a paz só virá com a devolução das terras, esta não será conquistada.


 


 E os palestinos são claros: querem as terras nas fronteiras de 1967; querem a volta dos seus refugiados (mais de 4 milhões) e querem Jerusalém Oriental como capital de seu Estado nacional.


 

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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