Libelo da desfaçatez
A entidade sionista realiza intensa e afanosa campanha para constranger o governo brasileiro a aceitar como fato consumado a indicação como embaixador em nossos país do Sr. Dani Dayan, um membro do empreendimento colonialista em território ocupado da Palestina.
Publicado 05/01/2016 15:52
As autoridades do estado sionista fizeram ameaças abertas, numa completa violação de normas diplomáticas e do necessário protocolo que envolve relações entre países. A tal ponto chegou a pressão, que insinuaram uma crise entre a Defesa e a Diplomacia, valendo-se dos contratos que têm com o Brasil no fornecimento de equipamentos militares, o que gerou o desabafo público de um ex-ministro da Defesa e ex-chanceler, que criticou a excessiva dependência do Brasil à indústria bélica israelense.
Agora, a entidade sionista recorre também a representantes recrutados no mundo político e de certas igrejas, revelando quem pode estar por trás do enorme poder de fogo da chamada bancada evangélica. Não é a primeira vez que os verdugos do povo palestino se imiscuem em partidos políticos brasileiros, o que fazem até mesmo entre forças de esquerda. Por meio da cooptação, são frequentes as tentativas de pescar em águas turvas e transformar deputados e senadores em porta-vozes de seus interesses e propagandistas de suas políticas genocidas no Oriente Médio.
O jornal “Folha de São Paulo” desta terça-feira (5) traz artigo assinado por um senador da bancada evangélica, um presidente de partido que é na verdade propriedade de uma igreja pentecostalista, e o presidente de um partido que ainda carrega em sua denominação o vocábulo “socialista”. O artigo ataca o governo brasileiro como “descortês” e “inábil” por não ter concedido as credenciais de embaixador em nosso país soberano a um militante da ocupação ilegítima israelense em território palestino.
É um libelo da desfaçatez, em que até se fazem invectivas até mesmo contra a Organização das Nações Unidas (ONU), afirmando que sua resolução contra os assentamentos nos territórios ocupados não pode ser levada a sério. O texto deblatera contra os movimentos democráticos, pacifistas e solidários que na Europa (mas não só) realizam o legítimo movimento pelo boicote aos produtos de Israel vindos das colônias mal chamadas de assentamentos. Numa exibição de ignorância, chamam uma dessas colônias de “cidade de Ariel”. E perguntam candidamente: “como trazer essas pessoas de volta [a Israel]?
As pessoas honestas, solidárias, defensoras da paz e dos inalienáveis direitos do povo palestino, defensoras do direito internacional e da solução justa dos conflitos fazem outra pergunta: “o que foram fazer lá”?
A instalação de colônias nos territórios palestinos ocupados por Israel e a transferência para lá de grandes contingentes populacionais fazem parte do grande plano colonialista da entidade sionista que implica o apartheid, a segregação e a própria extinção do povo palestino. Para isso a entidade sionista constrói um muro de mais de 700 quilômetros, sob alegações de segurança. O muro é ladeado por uma faixa de 60 metros de largura e chega a ter oito metros de comprimento em alguns pontos. O muro é “protegido” por soldados armados, constituindo-se na prática numa enorme casamata.
A Autoridade Nacional Palestina e o conjunto das organizações políticas e sociais palestinas combatem o muro da segregação por estarem conscientes de que visa a criar fatos consumados na incorporação de partes dos territórios palestinos ao Estado de Israel. O Tribunal Internacional de Justiça de Haia o declarou ilegal em 2004. Tanto os chamados assentamentos como a construção do muro da segregação violam flagrantemente o direito internacional. Assim, o designado embaixador de Israel, militante da política de ocupação, está incompatibilizado com o cargo, porquanto a defesa da legalidade internacional é função precípua da atividade diplomática.
A posição brasileira de não conceder as credenciais diplomáticas a Dani Dayan é sustentável, justa e merece a solidariedade dos internacionalistas. Um gesto soberano e consoante as resoluções da ONU, que não só deslegitimam, como condenam, a ocupação dos territórios palestinos e o muro da segregação que a protege.