Marcha pela vida

Não há mais como ignorar a melhora na qualidade de vida que a cannabis sativa proporciona àqueles que conquistaram o direito de utilizá-la

O Recife poderá ser uma das primeiras capitais do Brasil a garantir o acesso da população a medicamentos à base de canabidiol. Nesta terça-feira (7), eu e o vereador Ivan Moraes (Psol) protocolamos um projeto de Lei que cria as diretrizes da política de uso da cannabis sativa para fins medicinais no serviço de saúde pública do Recife. Para nossa satisfação, o PL contou com o endosso de 26 vereadores, um número recorde que pode indicar que estamos muito perto de vencer essa batalha.

Não há mais como ignorar a melhora na qualidade de vida que a cannabis sativa proporciona àqueles que conquistaram o direito – e tem condições financeiras – de utilizá-la. Mães com crianças epilépticas que tinham convulsões frequentes relatam que os episódios diminuíram drasticamente ou, simplesmente, deixaram de acontecer. Pessoas que fazem quimioterapia também testemunham a redução dos efeitos colaterais do tratamento contra o câncer depois que passaram a usar o canabidiol. Eu própria sou usuária do óleo de canabidiol porque sofro de dores crônicas e posso atestar que melhorei sensivelmente com ele.

Levando em conta essa realidade inegável, elaboramos um projeto de lei para garantir a criação de uma base legal para acesso a remédios à base de canabis que tenham eficiência científica comprovada e assegurar a produção e disseminação de conhecimento científico sobre o uso terapêutico da erva.

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Com essa lei aprovada, a Prefeitura do Recife terá segurança jurídica para garantir o acesso de toda a população a esse tipo de tratamento, que não ficará mais restrito à população mais abastada, que pode pagar até R$ 3 mil se tiver que importar o medicamento.

É preciso dar apoio às associações que produzem o óleo, às mães que lutam pela regulamentação do uso da cannabis para que se possa produzir o remédio sem preocupações com o estigma e a rejeição que a erva carrega. Produzir a cannabis de forma legal, além de garantir um tratamento reconhecidamente eficaz para algumas moléstias, pode gerar emprego e renda para muita gente.

O Recife já conta com um ambulatório canábico, um dos primeiros do Brasil, instalado graças a uma parceria entre a UFPE e a PCR. Com a aprovação da lei, a prefeitura poderá ampliar esse serviço, oferecendo apoio a associações que fabricam o produto e fazendo a distribuição gratuita através do SUS. Assim, toda a população que precisar, e não somente aquela parcela mais aquinhoada, terá acesso a um tratamento que pode mudar e até salvar vidas.

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