Maria e suas companheiras
Maria aproveitou as manhãs de sol e a paciência que lhe faltava para ampliar as margens do rio.
Publicado 07/12/2022 12:23 | Editado 07/12/2022 12:37
A pedra é enorme e atolou no meio do rio, logo, o melhor local para banhar o corpo. Agora a água está rasa, não cobre nem os pés. O banho acabou, estão esperando que a pedra crie pernas e saia do atolamento. Quem acredita em milagres, até acha possível.
Maria que não faz milagres e muito menos acredita neles, adorava tomar banho e se indispõe a esperar pela vontade da pedra. Mesmo sem força, começou a cutucar o rio e chamou as suas companheiras. Foi na casa de cada uma, dividiu a agonia e apresentou solução. Maria não encontrou nenhuma para vir com as outras.
A pedra atolada não tinha como se comover. Pedra é pedra. Maria aproveitou as manhãs de sol e a paciência que lhe faltava para ampliar as margens do rio. Com enxada e pá, aos poucos foi refazendo o espaço da água, o templo do banho.
Maria morreu. A pedra continuou atolada e suas companheiras todas banhadas