Mariana Menezes de Araújo Costa Pinto foi imolada pelo machismo

Em 13 de novembro passado, a publicitária Mariana Menezes de Araújo Costa Pinto, 33, que tinha duas filhas, de 9 e 11 anos, casada com José Marcus Renato, evangélica, foi estuprada e assassinada em sua residência, em São Luís (MA), por seu cunhado Lucas Leite Ribeiro Porto, 37, também evangélico, casado com sua irmã Carolina Costa – o casal também tem duas filhas. O assassino, apesar de preso no mesmo dia e das muitas evidências que o colocavam na cena do crime, só confessou em 16 de novembro.

Mariana era filha do ex-deputado Sarney Neto, filho de Evandro Sarney, irmão do ex-presidente José Sarney, logo dois crimes hediondos na família Sarney, a demonstrar que as mulheres, no mundo, são mortas “como passarinhos” (que também é crime!) em qualquer classe social, alicerçados na cultura de que homens podem matar mulheres impunemente, mesmo com a Lei Maria da Penha (2006)!

Dados do Dossiê Feminicídio: o Brasil é o quinto no ranking de assassinatos de mulheres, tendo registrado 13 homicídios femininos por dia em 2013. Para Alex Marshall, na pesquisa Estado da População Mundial – Relatório 2000, a violência atinge a mulher do berço ao túmulo, o que foi corroborado pelo relatório “Corpos quebrados e mentes destruídas: tortura e maus-tratos em mulheres”, que diz: “Para milhões de mulheres, o lar não é um abrigo de paz, e sim um lugar de terror, pois o lar é o principal palco de brutalidade e os governos pouco fazem para proteger as vítimas e punir os culpados” (Anistia Internacional, 2001).

Há uma guerra contra as mulheres! Em uma cultura assim, há que se destacar o trabalho ágil da Secretaria de Segurança do Maranhão, que desvendou o crime no mesmo dia. Assassino preso, famílias destruídas e uma irmã dilacerada; chamam a atenção os melindres machistas e patriarcais e a blindagem de classe da maioria dos blogs ditos políticos de São Luís, que não apenas demoraram a noticiar o fato, como descuidaram da análise que as evidências mostradas pela polícia permitiram fartamente.

O assassino exibe um prontuário sociopata inegável! E seus advogados desejam abreviar seu tempo de cadeia, ainda que tenha cometido dois crimes hediondos: estupro e feminicídio. Antes da confissão, aventaram que era gay, logo não poderia ter estuprado Mariana. Parte da imprensa embarcou, embora ele tenha duas filhas! Após a confissão do crime, na qual ele diz: “Sofri abuso sexual na minha infância”, querem estabelecer sua inimputabilidade, alegando que nutria pela cunhada uma paixão eterna e doentia. Querem trafegar na tese da inimputabilidade e insanidade, sem respaldo da ciência, que está alicerçada em elementos novos, científicos e consensuais pertinentes às personalidades criminosas ou bandidas, já que “os transtornos de personalidade são intratáveis, incuráveis e irreversíveis”, mas há prevenção: “Investir em educação, em atendimento à primeira infância, na aplicação das leis e em contenção” (João Augusto Figueiró, revista “Época”, 4.7.2005).

Repito o dito em “A personalidades delinquentes, só a lei é que pode impor limites” porque se faz necessário: “Nem todo homicida é sociopata. Nem todo sociopata mata, mas pode virar assassino se a lei não comparecer para punir outros delitos, pois portam personalidades a quem só a lei dá limites: são devotos da transgressão e do banditismo e precisam da liberdade para o culto à marginalidade.

O sociopata não é doente mental nem desprovido de razão – característica dos ditos ‘malucos’, ‘loucos de pedra’, ‘doidos varridos’ ou que ‘rasgam dinheiro’; logo, responde por seus crimes”.

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