Meio ambiente para leigos

Tenho tratado, recorrentemente, da estratégia que o “imperialismo” tem adotado para tentar internacionalizar a Amazônia. O objetivo não muda, mas a tática tem variado com o tempo: “patrimônio da humanidade”, “gestão compartilhada” ou simplesmente área de

A dificuldade do imperialismo, todavia, é sustentar essa tese a seu favor. O Brasil, segundo as regras do protocolo de Kyoto, sequer tem cota de redução de CO2 e, embora haja irracionalidade em alguns estados da Amazônia em relação ao uso da floresta, os dados científicos disponíveis demonstram que o mundo está aquecendo pela emissão de gás carbônico dos países ricos, liderados pelos Estados Unidos, e não por conta das queimadas amazônicas, o que não elimina a nossa responsabilidade em estabelecer mecanismos cada vez mais rigorosos para preservar o último espaço vital disponível do planeta.


 



A polêmica, portanto, é muito mais de natureza geopolítica e econômica do que ambiental.


 



Os EUA, por exemplo, se nega a assinar o protocolo de Kyoto e argumenta que só analisará a possibilidade de reduzir a sua emissão de CO2 – a maior do mundo – se países emergentes como Brasil, Índia e China igualmente reduzirem, na mesma proporção, as suas emissões.


 



Acontece que a emissão de CO2 é completamente distinta nestes países. Recente relatório sobre o assunto, compilado pela Convenção do Clima das Nações Unidas, mostra que as emissões dos chamados países do Anexo 1 (que têm metas obrigatórias de redução previstas pelo Protocolo de Kyoto) chegaram a 18,2 bilhões de toneladas de CO2 em 2005, contra 18,1 bilhões no ano anterior.


 



A cifra é apenas 2,8% menor que o recorde histórico de 1990, quando esses países emitiram 18,7 bilhões de toneladas. Até aquele ano, no entanto, não havia nenhum mecanismo internacional para combater o aquecimento global, como a própria convenção e o Protocolo de Kyoto.


 



Segundo o relatório da Convenção do Clima o maior poluidor do mundo continua sendo os EUA, responsável pela emissão de 7,24 bilhões de toneladas de gás carbônico (24,52 toneladas por habitante), com base na emissão de 2005.


 



E de acordo com o World Resources Institute – Indicadores de Análises Climáticas, a China emite 4,5 bilhões de toneladas de CO2 (3,5 toneladas/habitante). O Brasil emite algo como 332 milhões de toneladas (1,8 toneladas/habitante). É o 19º em emissão global. A Índia contribui com 1,15 bilhões de toneladas (1,1 toneladas por habitante).


 



Fica evidente que a responsabilidade desses países nem de longe se aproxima da dos Estados Unidos da América, no que diz respeito à emissão de CO2. a pressão dos EUA, portanto, é para evitar concorrentes econômicos e não por questões ambientais.


 



E ao que tudo indica a 13ª convenção das partes, recentemente realizada em Bali, Indonésia, pouco avançou. O seu “mapa do caminho” não é original nem no nome. Repete o mesmo conteúdo de um outro fracassado anunciado: o acordo entre judeus e palestinos.


 



Uma compreensão melhor dessa questão nos remete a Eco 92, convenção do clima, convenção das partes, protocolo de Kyoto e agora o “mapa do caminho”.
O mundo precisa e merece dirigentes que estejam a altura de suas necessidades.

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