Mercado Esquizofrênico

Nesta semana, assisti a um programa sobre economia, dirigido pela jornalista Miriam Leitão, especializada na área. Como sempre, dois entrevistados, cujos nomes não me recordo em absoluto.

Na realidade, em se tratando deste tema, na grande maioria das exposições através da televisão por assinatura, o assunto não é propriamente a economia em suas múltiplas variáveis.


 


Resumem-se, quase sempre à área financeira, em uma linguagem própria aos íntimos, aos iniciados no sofisticado ramo. Carregadas de  subjetividades: quem sabe, pode ser, a não ser que, talvez com o comportamento das taxas de juros norte-americanas. E negócio e tal.


Ficamos com a sensação de que a cada programa, dois ou três iluminados, bem vestidos em ternos impecáveis combinando com gravatas italianas, ensinam os fundamentos de uma renovadora economia aos milhões de analfabetos, na melhor das hipóteses, ou idiotas de babar na gravata, na maneira mais grave e depreciativa.


São sofisticados especuladores das Bolsas de Valores, do Rio de Janeiro e São Paulo, transacionando ao vivo, defendendo os interesses dos financistas que lhes pagam regiamente, dirigindo-se para um diminuto público, além, é claro, de nós que assistimos a um jogo de espertalhões.


Nada se fala em investimento produtivo, infra-estrutura para o desenvolvimento da nação, estratégias para a melhoria da educação ou saúde, planejamento a curto, médio ou longo prazo, com vistas à geração de empregos em larga escala, incentivos à intensa produção de alimentos para a população.


Quando se aborda um desses itens é de forma periférica. Uma concessãozinha ao outro mundo dos cento e tantos milhões de brasileiros. Discurso sofisticado, explicações mais ponderadas. Mas a profissão é antiga. Representa o capital parasitário, investindo em botes às reservas do país, à dívida das nações etc.


Parecem até psicólogos ou psicanalistas: “Há um clima de comoção no mercado. Existe uma crise existencial no fluxo”. Quarta-feira, um desses afirmou, angelicalmente, que o mercado anda meio esquizofrênico.


Admitamos, o capital financeiro é sensível. O povo que é bruto, insensível de fazer dó, levando-nos a sentar no meio-fio, mãos na cabeça, e a chorar copiosamente.

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