Militância, eleição e socialismo

Compartilho o texto postado por Samia Helena no Facebook:

Feriado em Fortaleza. Fim de tarde, vou tomar uma água de coco na Beira Mar. Poucas ondas, Sol baixando. As pessoas chegam para a caminhada, o passeio. Dois irmãos, menina de uns 9, menino de uns 7, traços indígenas, oferecem balas por entre as mesas. Ninguém compra, nem eu. Um casal, com duas crianças, ao meu lado, enternecem-se e dão pedaços de carne de sol que sobraram em seus pratos para os pequenos comerciantes.

Ao meu lado, uma mesa vazia, com um coco que o último freguês deixou. Os curumins ocupam a mesa e brincam de girar o coco. São apenas crianças, pensei. A menina cansa e volta a oferecer suas balas em outras mesas, agora na areia. O menino vai atrás e joga-lhe areia, atingindo os potenciais fregueses. Ela não ralha: atira-lhe areia, de volta. Os ocupantes das mesas reclamam e enxotam os irmãos. A Iraceminha e o Perizinho riem e saem correndo. São crianças, torno a pensar, mas ainda bem que não me atingiram com a areia.

Pouco depois, um negrinho, uns 9 anos, passa vendendo barras de chocolate. Nem eu, nem os outros ocupantes de mesa compramos. Estamos certos, reflito. Não podemos incentivar a exploração do trabalho infantil. Pode haver algum adulto por trás desse comércio feito por crianças na praia. Não é fácil ter coração mole e manter a racionalidade. Mas é necessário.
Não sou ativista. Sou militante. Estamos em campanha eleitoral. O candidato que apoio aborda a questão da criança em seu programa. Dou uma conferida, lá está: assistência à saúde da criança, assegurando a presença do pediatra no Núcleo de Apoio a Saúde da Família; reestruturação da assistência pediátrica nos níveis secundário e terciário; programa de prevenção ao uso de drogas, garantia de acesso em creches, pré-escolas e escolas, combate à exploração do trabalho e da prostituição infantil.

Vou votar nele e peço o seu voto. Mas sei que isso não basta. As mazelas da exploração requerem soluções que vão além da eleição. Sou militante, não sou ativista. Contra o capitalismo, o socialismo. Lembro de ter lido no Facebook: hoje, tantos milhões de crianças dormem na rua; nenhuma em Cuba. Voto Inácio, 65, prefeito. Peço seu voto. Milito pelo socialismo.

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