Negacionismo, Fundamentalismo Religioso e Pilantragem no Reino do Mandrião

Três fatos que expressam o grau de depravação no uso de recursos públicos, o acirramento do fanatismo e do negacionismo

Fotomontagem feita por Artur Nogueira com as fotos de: Pixabay; Pascal Renet/Pexels; Karolina Grabowska/Pexels; Marcos Corrêa/PR;
  • Este é um país que vai prá frente
  • De uma gente amiga e tão contente
  • De um povo unido de grande valor
  • É um país que canta trabalha e se agiganta
  • É o Brasil do nosso amor.

  • (Os Incríveis, 1976)

Cena 1: Na pequena cidade alemã de Bacharach, lá nas margens do rio Reno, a 48 km de Koblenz (o que também não significa muita coisa), o casal Meyer, sexagenários e dois dos quase 2 mil moradores da cidadezinha estavam vendo um noticiário da Deutsche Welle, tomando seu vinho, viram que o presidente da República Federativa do BraZil fez uma live, pelo You Tube, afirmando que a vacinação tinha relação direta com a Aids. Eles se entreolharam e puseram-se a gargalhar.

Cena 2: Na pequena cidade de Goiatuba, no interior de Goiás, que tem uma população dez vez maior que Bacharach (cerca de 34 mil habitantes), o pastor Huber Carlos Rodrigues faleceu em 22 de outubro e como havia escrito uma carta, em 2008, afirmando que ele ressuscitaria, deixaram o corpo à espera do milagre, salvaguardado pela esposa e seu advogado.

O vendedor de salgados, Cícero Romão, que observou durante todo o dia a cena inaudita, com dezenas de fiéis gritando na porta da Casa de Velório, em louvor, uma cena que, inclusive teve a cobertura da uma emissora de tv local, olhava tudo aquilo com um misto de espanto e ceticismo, mas afirmou que toda essa história o fizera vender todas os salgados. “Pena que não fiz mais”, disse Romão.

Na hora da ressurreição, as 23h30, abriram o caixão e o corpo em putrefação do pastor “falou mais alto” e os fiéis, molhados pela chuva que caia, retornaram às suas casas, sempre louvando, e esperando, com certeza, o próximo milagre. E o pastor foi liberado para sepultamento. Amém!

Cena 3 : No dia 21 desse mês, a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, nossa versão do Ministério da Oração, Orientação e Promoção da Virtude e da Prevenção do Vício, criado recentemente pelo governo do Taliban, Damares Alves, resolveu puxar o saco da “primeira dama”, Michelle, e, a pretexto de que iria participar de um evento do programa “Pátria Voluntária”, coordenado pela esposa do Mandrião, enfiou sete parentes da senhora Bolsonaro dentro do avião da FAB, solicitado pela Damares e voaram alegremente para São Paulo.

Lá os agregados, Damares e a primeira-dama foram prestigiar um evento bastante especial: o aniversário do maquiador e “influenciador digital”, Agustin Fernandez, amicíssimo das duas e que, aliás, voltou para Brasília, de carona, no avião da FAB, na condição, obviamente, de “voluntário” do tal programa.

Três fatos que expressam o grau de depravação no uso de recursos públicos; no acirramento do fanatismo, um elemento fundamental para a força do nazismo bolsonarista; e o negacionismo que está, através de um chefe de Estado, se consolidando como uma visão distorcida do mundo em que vivemos.

Prá Frente BraZil.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor