Novo Governo Lula: Esperança de novos tempos para os quadrinhos nacionais

Levar essa produção para dentro das nossas escolas uma vez mais, pode ser uma importante iniciativa do novo governo

Foto: Ricardo Stuckert

A eleição de Luís Inácio Lula da Silva acende uma expectativa positiva no mercado editorial brasileiro de histórias em quadrinhos. Vem a memória dos que atuam nessa área o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), que em 2006 incluiu os quadrinhos em suas listas que tinham por objetivo compor os acervos das bibliotecas escolares públicas por todo o país.

Naquela época as editoras captaram ali a possibilidade real de um bom negócio, inclusive focando a sua produção para os itens solicitados nos editais que vinham à público. As listas governamentais que tratavam do fomento à leitura se tornaram o público-alvo majoritário por um bom tempo.

Quando uma obra era incluída no PNBE, fosse quadrinhos ou não, a sua venda era muito superior à tiragem inicial dos livros, quando tratamos hoje das HQs, por exemplo, varia entre mil e três mil exemplares. Já os selecionados pelo PNBE viam os números pularem para a casa dos dois dígitos via de regra.

Havia algo que preocupava naquela época, a ênfase excessiva nas obras de adaptação literária, mas isso passou a ser um pequeno detalhe perante o desmonte que foi operado no programa depois, nos governos Temer e Bolsonaro. Iniciativas de tal tipo passaram a ser restritas aos governos dos Estados e prefeituras de grandes cidades ou capitais, e atingindo um número menos expressivo nas tiragens e investimentos nas obras.

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Trazer de volta iniciativas como essa, repaginadas, ampliadas e adaptadas para a realidade que vivemos, pode se tornar um importante instrumento de acesso à leitura aos mais jovens, introduzindo vários contingentes ao hábito de ler, inclusive pré-adolescentes e adolescentes, hoje capturados pelas redes sociais, YouTube e jogos eletrônicos nos celulares, sem esquecer que mesmo uma parcela dos adultos não lê livro algum, e também sem caracterizar quadrinhos como se fossem apenas algo mais fácil de ser lido, há obras de grande profundidade e complexidade criadas por nossos artistas na área.

Os quadrinhos brasileiros ganharam mais e mais refinamento e qualidade, passando a ter categoria própria no badalado prêmio Jabuti e vários títulos publicados em diversos países e idiomas mundo afora.

Levar essa produção para dentro das nossas escolas uma vez mais, com critérios que respeitem a diversidade e especificidade da produção artística desse universo dos quadrinhos, pode ser uma importante iniciativa do novo governo. Além disso, tem potencial para fortalecer o mercado editorial, ampliar o número de editoras, incentivar artistas e gerar emprego e renda na cadeia de produção que se formará em função da demanda ofertada pelos editais para a produção dessas obras. Fica aqui a sugestão.

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