O cerco à Gaza e o Dia da Terra

sta semana é importante para todos nós, estudiosos do mundo árabe e apoiadores da causa palestina por vários motivos. Para mim, em particular, pois completo hoje exatos seis anos de publicação de minhas colunas sobre Oriente Médio e Mundo Árabe. Foram 291

Os vários assuntos da semana


 


Quando publicamos nossa coluna nº 1 em 28 de março de 2002, o tema foi Palestina. O título era “Acirra-se o conflito Israelo-palestino”. Eu comentava da impossibilidade de um acordo de paz unindo os dois lados do conflito, os palestinos-árabes e os israelenses (judeus). Hoje a situação é muito parecida. Hoje vamos publicar vários documentos e convocatórias nesta nossa coluna semanal. Um deles, trata da convocação de uma grande manifestação política que ocorerrá na Praça Oswaldo Cruz em São Paulo no próximo dia 30 de março, dia da terra dos palestinos e esta sendo convocada pela Federação das Entidades Palestinas a FEPAL. Comentamos sobre a tentativa de acordo comercial do Bloco Mercosul com Israel, que vem sendo criticada por diversas entidades. E, por fim, publicamos um breve comentários sobre o significado do dia da Terra, também produzido pela FEPAL. Também publicamos um Manifesto que vem sendo discutido e colhido assianturas, sobre o fim ao cerco em Gaza que vem sendo feito por Israel, que já assassinou mais de 200 palestinos, na sua maioria crianças. Vamos á eles.


 


 


Ato público pelo fim do cerco à faixa de Gaza


 


Repúdio aos Massacres e Crimes do Estado de Israel pelo Estado Palestino Soberano e Independente! Não ao Tratado de Livre Comércio Mercosul – Israel


 


30 de Março – Dia da Terra – Domingo – 10h – Praça Oswaldo Cruz – São Paulo (Início da Av. Paulista – Metrô Ana Rosa) – Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes


 


Convocamos todos e todas ao ato público no dia 30 de março! Vamos gritar em alto e bom som: Israel: pare o holocausto contra o povo palestino!


 


Não mais nos importa se o termo holocausto queira dizer um massacre, uma limpeza étnica, um genocídio, um crime de guerra, um ato de barbárie, uma catástrofe, uma tragédia ou um extermínio: escolha a vontade, o sangue das crianças, mulheres e idosos palestinos autoriza cada uma dessas nomenclaturas, uma dessas, algumas dessas ou Israel terá mais alguma nova nomenclatura adequada a sua “política de segurança”?


 


 


Todos os dias do ano, a cada hora, a cada minuto ocorrem assassinatos seletivos, mortes, feridos, ataques terrestres, aéreos e navais, prisões, demolição de casas, ataques a propriedades publicas e privadas, ocupação de casas, toques de recolher, postos de checagem, fechamento de passagens de fronteira, vôos de reconhecimento, obstrução de auxilio médico, confisco de terras, ataques a sítios religiosos, interrupção das atividades escolares, atos de violência dos colonos judeus, corte de eletricidade e auxilio humanitário, retenção de impostos, o Muro do Apartheid e mais construções de colônias judaicas: Assim é a Ocupação Israelense na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental!


 


 


O cerco aos territórios palestinos ocupados, em especial, nos últimos meses, a Faixa de Gaza, revela que ao completar 60 anos da criação do Estado de Israel e 60 anos da Nakba (catástrofe) palestina, Israel não quer, não quis e não apresenta nenhuma intenção real de se retirar dos territórios palestinos ocupados e fazer a paz com os palestinos. Israel é um Estado fora da Lei que diz não a todas as resoluções da ONU, a Convenção de Genebra e a Declaração Universal dos Direitos do Homem.


 


 


Enquanto as negociações prosseguem sem luz no fim do túnel, Israel constrói mais colônias, muros e cercas, a ocupação se intensifica. Os fornos da ocupação ardem e mancham a memória das vítimas do holocausto da segunda guerra mundial? Enquanto a ocupação continua, países membros do MERCOSUL assinam um Tratado de Livre Comércio com Israel: as consciências dos governantes do Mercosul, a reboque das razões de estado, permitem, avalizam ou concebem cometer tamanha vergonha e imoralidade com um Estado fora da lei? Os produtos processados, fabricados, manufaturados, embalados ou montados nas indústrias ou estabelecimentos israelenses localizados nos territórios palestinos ocupados poderão ser comercializados livremente? Chegou a esse ponto a irresponsabilidade e cumplicidade dos nossos governantes com a ocupação israelense? Apelamos para que os parlamentares dos países membros do MERCOSUL não permitam a inclusão dessa página nefasta na história de nossa civilização e de nossos povos.


 


 


Não acreditamos que os Estados Unidos rompam sua aliança estratégica com Israel ou pelo menos exerçam pressões suficientes para que Israel cumpra as resoluções internacionais e faça a paz justa e duradoura no Oriente Médio, em especial quanto à desocupação dos territórios palestinos, sírios e libaneses. O histórico dessa aliança, no decorrer dos últimos 60 anos, evidencia o quanto tem sido nefasta para os palestinos, árabes em geral, para a paz mundial e toda a humanidade.
Acreditamos que a resistência contra a ocupação, a unidade das organizações palestinas, a solidariedade internacional (povos e governos) e a mínima coordenação de ação política dos países árabes são os caminhos para a libertação dos territórios palestinos e árabes ocupados e a implementação dos direitos nacionais inalienáveis do povo palestino ao retorno e autodeterminação, consagrados pelas resoluções da ONU. A paz passa pelo retorno dos refugiados, conforme a resolução 194 da ONU e pelo estabelecimento do Estado Palestino Soberano e Independente, com capital Jerusalém!


 


 


Vamos ao ato público, vamos defender os mais nobres valores da humanidade: o direito a vida, a cidadania e a autodeterminação dos povos!


 


Viva o povo palestino!
Viva o povo Brasileiro!
Viva a amizade entre os dois povos!
Viva a solidariedade brasileira com o povo palestino!


 


Elayyan Taher Aladdin
Presidente da FEPAL


 


Emir Mourad
Secretário-Geral da FEPAL


 


Dia da Terra – 30 de Março


 


O Dia da Terra, em árabe “Youm Al-ard”, é comemorado em lembrança ao sangrento assassinato de seis palestinos na Galiléia em 30 de março de 1976 pelas tropas israelenses durante protestos pacíficos contra o confisco de terras palestinas. A data, desde então, se transformou numa referencia da opressão e injustiça israelense contra o povo palestino e uma demonstração da unidade nacional palestina na luta contra a ocupação em favor da autodeterminação e pela libertação nacional.


 


Em março de 1976 as autoridades israelenses anunciaram o confisco de um total de 5.500 acres de terras de vilas palestinas situadas na região da Galiléia, e classificou essa área de “zona militar fechada”. Essas terras confiscadas serviram, mais tarde, para o estabelecimento ilegal de colônias judaicas.


 


Esse confisco de terras fez com que os palestinos das fronteiras de 1948 se levantassem em demonstrações de repudio contra a expropriação e colonização de suas terras. O exército israelense respondeu às demonstrações com violência, resultando em seis palestinos mortos, 96 feridos e mais de 300 presos. As vilas e cidades árabes foram declaradas zonas militares fechadas pelas autoridades israelenses e foi imposto o toque de recolher.


 


No dia 30 de março o povo palestino que vive em Israel, na Cisjordânia, na Faixa de Gaza, Jerusalém e no exílio irá comemorar o DIA DA TERRA numa demonstração de sua unidade nacional e indivisível!


 


A oliveira é o símbolo da terra, símbolo das raizes milenares do povo palestino. representa a milenar cultura e história palestina.


 


Manifesto contra o Tratado de Livre Comércio Mercosul-Israel


 


Em junho de 2006, quando Israel atacou o Líbano e a Faixa de Gaza, assassinando mais de 1000 pessoas e forçando um quarto da população libanesa ao exílio, formou-se o Comitê de Solidariedade aos Povos Árabes. Constituído por diversas entidades da sociedade civil, incluía-se entre as reivindicações básicas:


 


A não assinatura do TLC (Tratado de Livre Comércio Mercosul-Israel)


 


Constrangido pela conjuntura, e pressionado pelas exigências da sociedade civil brasileira, o governo do Brasil declarou que não assinaria o TLC naquele momento. Passado um ano e meio, em 18 de dezembro de 2007, o TLC foi assinado por todos os países membros do Mercosul, incluindo o Brasil.


 


No entanto, nada mudou desde julho de 2006 que tornasse a assinatura do TLC moralmente aceitável. Não obstante a derrota do exército israelense no sul do Líbano, a população palestina continua sendo dizimada dia após dia. Em Gaza, a situação é calamitosa. O bombardeio iniciado quarta-feira (28/02) assassinou mais de cem pessoas em uma semana, das quais pelo menos metade é civil, incluindo 17 crianças mortas e 200 feridas gravemente, muitas delas mutiladas para o resto da vida, sofrendo traumas psicológicos incuráveis, como relatam as organizações internacionais de direitos humanos que operam na região (dados de 2/03). Há vários meses, Israel cortou 80% do fornecimento de luz e combustíveis a Gaza, causando o colapso do já precário sistema de saúde, o fechamento de escolas, a elevação brutal do desemprego, o colapso da economia, enfim a maior punição coletiva já vista desde o início da ocupação ilegal de Gaza, Cisjordânia (incluindo Jerusalém Leste) e Colinas do Golã, em 1967. A população de Gaza (1,4 milhão de pessoas vivendo na maior “prisão a céu aberto do planeta”) está sendo exterminada, sob os olhos do mundo. O Estado de Israel continua violando mais de 100 resoluções da ONU, particularmente aquelas que determinam a devolução dos territórios ocupados em 1967 (res. 242) e o direito de retorno dos refugiados palestinos (res. 194); continua violando as Convenções de Genebra relativas à transferência de população, trocas territoriais , e o compromisso com a saúde e bem estar de uma população sob ocupação; não acatou a decisão da Corte Internacional de Justiça (julho de 2004) relativa à derrubada do Muro do Apartheid; enfim, não acata as normas da lei internacional e do direito internacional humanitário. Ou seja, o Mercosul assinou o Tratado de Livre Comércio com Israel, no momento em que Israel destrói o comércio, a infra-estrutura e as vidas humanas em Gaza e Cisjordânia.


 


Finalmente, o TLC prevê o ingresso no Mercosul, sem a cobrança de impostos ou com impostos reduzidos, de mercadorias produzidas nas “zonas exclusivas israelenses”. Tais “zonas” incluem claramente os assentamentos ilegais israelenses em territórios palestinos ocupados. Implementando o TLC, o Mercosul estará não apenas apoiando de fato a opressão e o massacre do povo palestino, como contribuindo para legitimar em nível internacional, a ocupação ilegal dos Territórios Palestinos.


 


Fim da ocupação dos territórios palestinos!


 


Fim do apartheid no mundo!


 


Fim do cerco a Gaza!


 


Não ao apoio internacional à opressão e morte do povo palestino!


 


Não-ratificação do TLC Mercosul-Israel!


 


Manifesto pelo FIM do GENOCÍDIO em GAZA


 


É consenso entre as organizações internacionais de defesa dos direitos humanos: estamos presenciando o genocídio da população palestina da Faixa de Gaza. Gaza está cercada, Israel controla seu espaço aéreo, marítimo, e mantém fechadas as suas fronteiras. Desde 2007, cortou 80% do abastecimento de energia, combustíveis e água. Não há mais víveres, nem medicamentos básicos, pano para mortalhas, ou cimento para as sepulturas.


 


Os ataques israelenses estão deixando um saldo de mais de cem mortos toda semana. O alvo é a população civil, e quase metade dos atingidos, mortos, e mutilados que carregarão traumas psicológico incuráveis para o resto de suas vidas, são meras crianças. Desde 2000, em torno de 4000 palestinos foram assassinados pelas forças israelenses (metade eram crianças) e mais de 20.000 foram feridos. Em 2006, as forças israelenses assassinaram 660 cidadãos palestinos, triplicando o número em relação ao ano precedente. Na realidade, os ataques israelenses não cessaram desde que Israel invadiu o Líbano e a Faixa de Gaza, em julho de 2006, assassinando mais de 1000 libaneses em menos de um mês. Assim mesmo, teme-se que a invasão de julho de 2006 não tenha passado de um ensaio geral do que está por vir, como informa o jornal israelense de grande circulação, Haaretz, de 2 de março de 2008.


 


Quando vemos o próprio vice-ministro da Defesa israelense, Matan Vilnaï, ameaçar os palestinos com uma shoah, usando o termo israelense para um massacre absoluto, sem distinção entre combatente e criança, mulher ou idoso, comparável ao que recaiu sobre os judeus da Europa durante a II Guerra Mundial, então não podemos mais dizer que “não sabíamos o que estava acontecendo”. Esse crime não é só do Estado de Israel. Ele pesará sobre a consciência do mundo, porque sabemos o que está acontecendo e não fazemos nada.


 


Pior do que isso, o Mercosul acaba de assinar um Tratado de Livre Comércio com Israel, no momento em que Israel destrói o comércio, a infra-estrutura e as vidas humanas em Gaza e Cisjordânia. Tratado este que configura inclusive uma violação da lei internacional e da resolução, de julho de 2004, da Corte Internacional de Justiça, recomendando que todos os países signatários das Convenções de Genebra retirem o seu apoio ao regime ilegal de ocupação israelense dos Territórios Palestinos.


 


A população de Gaza não está passiva, ela luta pela sobrevivência. Os poucos e, em grande medida, inofensivos ataques dos foguetes Qassam de fabricação caseira, devem ser vistos pelo que de fato são: uma conseqüência inevitável da ocupação. A resistência palestina pode ser comparada à luta contra o nazismo ou contra o apartheid na África do Sul. Em 23 de janeiro, cerca de meio milhão de palestinos derrubaram a muralha do posto de fronteira de Rafah e entraram no Egito, em busca de mantimentos e bens de necessidade básica.


 


Tampouco a população israelense é toda ela conivente com o genocídio palestino. Em fevereiro, israelenses e palestinos mobilizaram-se dos dois lados da passagem de Erez (entre Israel e a Faixa da Gaza), exigindo, não um “cessar-fogo” -como se se tratasse de uma exigência “aos dois lados de um conflito”- mas o fim imediato do bloqueio israelense, demonstrando assim sua defesa incondicional do direito à resistência palestina contra a ocupação e o genocídio perpetrado pelo Estado de Israel.


 


Fim imediato do cerco a Gaza!
Não ratificação do Tratado de Livre Comércio Mercosul – Israel!
Fim imediato do Genocídio do Povo Árabe-Palestino!

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