O corneteiro toca outra música

O movimento sindical dos trabalhadores tem uma cultura de resistência e isto não só no Brasil, nem só agora. Faz parte da história mundial da luta dos trabalhadores, com raras exceções.

Nós nos acostumamos aqui no Brasil a resistir em defesa da estrutura sindical, à perda dos direitos trabalhistas e à exploração patronal. Em várias ocasiões as greves eram feitas para garantir o cumprimento de acordos ou protestar contra a violação deles. No Congresso Nacional não passava um dia sem uma tentativa qualquer de quebra de direitos e piora da situação. A conjuntura econômica era de desemprego e informalidade, com baixo crescimento econômico e predomínio do pensamento neoliberal privatista, individualista e derrotista.

A coisa agora mudou. Em uma conjuntura econômica favorável, com crescimento econômico forte e continuado, milionária criação de empregos formais, valorização do salário mínimo e reajustes com ganhos reais, o movimento sindical, com a unidade de ação das centrais, tem obtido vitórias e garantido avanços.

A nova conjuntura se caracteriza pela possibilidade de obtenção das reivindicações e cumprimento das metas estabelecidas na Conclat.

Haverá uma pressão positiva, vinda das bases, para que o movimento, em cada um dos sindicatos, avance de acordo com as necessidades dos trabalhadores. O corneteiro aprende a tocar outra música.

A unidade de ação torna-se imperiosa, mas devemos estar atentos a duas coisas:

1) Recepcionar os novos trabalhadores que ingressam nas categorias e atender às exigências de todos os trabalhadores criadas pela nova situação;

2) Evitar a guerra de entidades pela disputa ou quebra de bases. A primeira tarefa é de responsabilidade prioritária dos sindicatos; já a segunda incumbe fortemente às centrais e será um dos papéis da Câmara de Estrutura Sindical a ser criada pelo Conselho Nacional de Relações do Trabalho.

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