O crime não compensa
Já diziam os antigos, o crime não compensa. E a realidade é implacável. O nível da campanha dos tucanos para tentar levar José Serra à Presidência da República é verdadeiro crime. Mas os números das pesquisas, a poucos dias das eleições, com Dilma Rousseff bem adiante, demonstram que certos artifícios não funcionam mais em eleições.
Publicado 23/10/2010 20:21
Na falta de propostas, os tucanos apelaram para métodos de campanha muito usados no passado e ainda hoje em alguns redutos interioranos. São a mentira, a fofoca, a distorção de fatos e campanhas de difamação apócrifas, sujeitas ao Código Penal. A diferença á que os novos cabos eleitorais, lambe-botas e bajuladores dispõem de tecnologia moderna para difundir suas porcarias.
O que apareceu contra Dilma na Internet, nas malas-diretas, nos correios e por meios muito mais sutis, a gente nem imagina. Mas, em muitos casos, por sorte, de modo bastante desastrado. Um deles foi o de que Dilma havia sido guerrilheira durante a ditadura militar, o que pegou mal, até porque, entre outros fatores, ficou evidente que Serra, à época, fugiu do pau.
Além disso, deram de frente, na Internet, com uma poderosa rede espontânea de contra-informação capaz de anular em boa parte as baixarias que eram inventadas e difundidas.
Mas esse estilo de campanha acabou contaminando o horário gratuito no rádio e na TV e o próprio noticiário da grande mídia. O tititi sobre a quebra de sigilo da Receita, por exemplo, virou um emaranhado tão complexo que nem o eleitor mais esclarecido conseguiu acompanhar.
Nesses casos, dizem os especialistas, o eleitor tende a deixar o tema de lado. É perda de tempo. Vai atrás de argumentos mais consistentes e, hoje em dia, tem um leque mais variado de fontes para se informar e se posicionar. A própria realidade é muito forte. Agora, pois, é mais difícil ações de última hora virarem votos
Mudando o discurso, os tucanos tentaram até insinuar de Serra daria continuidade às políticas públicas implantadas com sucesso por Lula. Uma foto do candidato tucano com Lula chegou a ser divulgada no programa dele. Seria ele, e não Dilma, o herdeiro de Lula, talvez…
Depois, mudaram a tática. Em vez de ser o seguidor de Lula, o tucano virou o precursor do Presidente. Todas as políticas sócio-econômicas dos governos de Lula teriam sido inspiradas em políticas começadas por ele e Fernando Henrique Cardoso. Cara de pau não lhes falta.
Os tucanos se esqueceram que os dois governos de FHC, com Serra na ala de frente, seguiram a linha neoliberal, do Estado mínimo, só para os fortes. O exemplo maior disso é que eles venderam (ou melhor, entregaram) o Brasil inteiro. Um saque fenomenal.
Até a Petrobrás já tinha projeto de mudar de nome para ser privatizada. Mas, aí, seria demais e a grita geral no País inteiro barrou este, que seria mais um crime “legal”, como foi o da entrega da Vale e de tantas outras estatais. E a dívida do País, que justificaria o saque, nunca foi paga.
Na política externa, as mudanças de posição são mais que evidentes. A postura subserviente de FHC, com discursos em francês e inglês, deu lugar a posições de altivez, manifestando em Português idéias e interesses próprios. Coisas de verdadeiro estadista.
Diversificar o comércio exterior, se aproximar da Ásia, da África, do Leste Europeu e de nossos vizinhos latino-americanos. Negociar com firmeza com os Estados Unidos, a Comunidade Européia e os organismos internacionais não quer dizer nada para os tucanos.
Eles, ao contrário, resolveram difundir a idéia de que Lula não é “estadista” e, sim, “populista”, por implantar “políticas assistencialistas com fins eleitoreiros”. O novo tratamento dado ao presidente foi logo adotado por alguns dos principais colunistas dos grandes jornais brasileiros.
Essa postura, é claro, em nada interfere no prestígio que o Brasil adquiriu mundo afora nos últimos oito anos. É fato inegável, que deve ser creditado a uma política externa bem formulada e à ação pessoal de Lula, que hoje é uma liderança mundial.
No plano interno, os tucanos não fazer a menor cerimônia para surrupiar itens do programa de Dilma e saírem por aí apregoando como seus. Um desses é o das escolas técnicas, que foram vítimas de ação devastadora nos governos FHC. Sobraram poucas para contar a história. Um verdadeiro crime num país com escassez de mão-de-obra qualificada.
Lula reimplantou muitas dessas escolas e criou dezenas de novas. Dilma já sem comprometeu a implantar pelo menos uma em cada município com mais de 50 mil habitantes. Mas, de repente aparece Serra dizendo que Educação será sua prioridade e que, no setor, o ensino técnico é que vai ter a atenção mais especial. Pode?
Muitas ações constantes dos Planos de Aceleração do Crescimento (PAC) aparecem nas falas e materiais tucanos. Casas populares a cooperativas de pequenos produtores agora são prometidas por eles.
Enfim, dentre tanta mentira, baixaria e falta de ética, o que se ouve nas ruas e o que dizem as pesquisas é que, de fato, o crime não compensa.